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Espaço

Impacto profundo, mas não aqui

Agência FAPESP - 09/11/2005

Impacto profundo

O que aconteceria se um asteróide atingisse a Terra? Se for pequeno, pode causar um bom estrago na região onde cair. Mas, se for grande, tem potencial de causar uma destruição sem precedentes na história do homem. O planeta está em risco? Sim, mas felizmente esse é muito pequeno. Mas, ainda assim, considerável.

No fim do ano passado, o asteróide 99942 Apophis, com cerca de 400 metros de diâmetro, teve sua órbita calculada. O resultado das primeiras análises não poderia ter sido mais assustador, pois mostrou uma grande, e por isso mesmo incomum, chance de se chocar contra a Terra em 2029. O impacto foi estimado em 1,5 mil megatons, algo como 100 mil vezes a explosão da bomba atômica em Hiroshima.

Nos dias seguintes, a probabilidade não diminuiu, como os cientistas esperavam, fazendo com que o Apophis superasse os recordes anteriores nas escalas Turim e Palermo - que medem o risco de impactos de asteróides, de modo similar ao que a escala Richter faz com os terremotos.

Apenas quando outros dados do 99942 Apophis foram obtidos uma trajetória mais precisa pôde ser calculada. O resultado foi de alívio: nada de impacto. Pelo menos não em 2029. Estima-se agora que o visitante passará a 32 mil quilômetros da Terra. Longe? Não exatamente. Trata-se da maior aproximação de um objeto desse tamanho na história do homem. Tão perto que ele estará na faixa usada pelos satélites de comunicação e poderá até ser visto a olho nu.

Apesar do alívio, o caso deixou astrônomos de cabelo em pé e assustou quem achava que isso só poderia ocorrer no cinema. Para avaliar a dimensão de um possível choque e, principalmente, criar uma alternativa para usar quando um deles realmente estiver se aproximando, a Agência Espacial Européia (ESA) deu o sinal verde para a missão Dom Quixote, que tem como objetivo atingir não alvos imaginários, como o personagem do clássico de Miguel de Cervantes, mas asteróides reais, com órbitas relativamente próximas à da Terra.

O projeto passou da fase de estudos e os possíveis alvos foram escolhidos. A partir de recomendações de especialistas do Neo-Earth Object Mission Advisory Panel (Neomap), foram selecionados os pequenos corpos celestes conhecidos como 2002 AT4 e 1989 ML como os mais adequados para a experiência.

A idéia é mandar duas espaçonaves, em trajetórias interplanetárias separadas. Uma, a Fidalgo, seria lançada especialmente para atingir o alvo. A outra, Sancho, chegaria próximo e passaria meses em órbita do objeto, para observações tanto antes quanto após o impacto da Fidalgo, de modo a poder avaliar as mudanças na órbita desse.

Os cientistas consideram o impacto de asteróides um dos poucos desastres naturais que a tecnologia pode evitar. Quanto aos riscos da experiência - de colocar o asteróide atingido em linha de colisão com a Terra -, eles seriam insignificantes demais para serem considerados.

Segundo a ESA, o impacto resultará em uma mudança tão pequena na órbita do asteróide que será difícil identificá-la daqui da Terra. Por isso a necessidade de enviar outra nave, para realizar as observações nas proximidades do corpo celeste escolhido. Em 2007, a agência escolherá entre o 2002 AT4 e o 1989 ML como alvo final da missão. O objetivo da agência é lançar as naves no mesmo ano.

Asteróides são objetos maiores do que meteoróides e, diferente desses, são grandes o suficiente para passar pela atmosfera terrestre e atingir a superfície praticamente intactos - as partes dos meteoróides que chegam ao solo são chamadas de meteoritos.

Calcula-se que existam milhões de asteróides em órbita solar. Quase 100 mil já foram identificados, dos quais 12,639 receberam nomes oficiais. O maior conhecido é o 1 Ceres, com diâmetro estimado em 1 mil quilômetros.

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