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Informática

Computador: apague as luzes, por favor.

Agostinho Rosa - 31/07/2003

Computador  apague as luzes  por favor.

Tecnologias por voz

No filme A Volta para Casa, da série Jornada nas Estrelas, a equipe do capitão Kirk volta ao século 20 para procurar uma baleia jubarte, já extinta no século 23, e única criatura capaz de salvar a Terra de uma sonda alienígena. Uma das cenas mais pitorescas do filme acontece quando Scotty, o engenheiro-chefe, aproxima-se de um computador como os que utilizamos hoje e vai logo falando: "Computer". Não sendo atendido, ele insiste carinhosamente: Compuuuteeeeeer...!". Quando o Dr. McCoy lhe oferece um mouse, o simpático engenheiro usa o ratinho como microfone e tenta novamente: "Computer!".

Praticamente todos os filmes de ficção científica têm cenas nas quais um habitante do futuro fala, em voz natural, com o seu computador: "Diminua as luzes" ou "Alguém ligou?". Ainda que as tecnologias para tarefas tão simples já estejam disponíveis, na forma de sensores e atuadores para todos os gostos e necessidades, até hoje não podemos chegar em casa e dizer: "Computador, leia meus e-mails, por favor."

Embora sensores e mesmo sintetizadores de voz já estejam disponíveis, mesmo que caros, resta ainda o maior entrave para a automatização dessas tarefas simples: a criação de softwares que entendam o que o usuário quer. E, mais importante, que aprendam os hábitos do usuário. Isso permitiria, por exemplo, que o computador oferecesse um suco de laranja quando seu dono voltasse da academia, ou um cafezinho logo após o jantar. E deveria bastar que um novo usuário dissesse: "Eu não gosto de café após o jantar." para que o computador não mais fizesse a oferta. Ao sentar-se no sofá, o computador deveria imediatamente perguntar se a pessoa deseja assistir TV ou ouvir um CD ou a emissora de rádio favorita.

Assistente de conhecimento

Sonho distante? Talvez não. Pelo menos já há vários grupos de pesquisa trabalhando nisso. O mais novo desses grupos acaba de ser formado por pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon (Estados Unidos), que receberam um financiamento de US$7 milhões do Ministério da Defesa daquele país, apenas parte do financiamento de um projeto com cinco anos de duração e que deverá desenvolver um assistente pessoal de conhecimento, baseado em software. A idéia é que esse assistente pessoal digital possa auxiliar no aumento da produtividade de funcionários em seu local de trabalho.

Ou seja, a idéia vai muito além do "você quer um café?". O assistente pessoal digital não apenas deverá conhecer, montar e controlar a agenda do usuário, como também deverá aprender com o seu comportamento, sabendo, por exemplo, quando interromper seu usuário para transmitir um recado e quando ficar quieto. Um assistente assim, além de servir aos militares que o estão financiando, deverá também ser útil ao governo, às próprias Universidades e às empresas em geral.

Computador  apague as luzes  por favor.

[Imagem: ]

Agentes adaptativos

O projeto foi batizado de RADAR, uma sigla para "Reflective Agents with Distributed Adaptive Reasoning": agentes de pensamento com raciocínio adaptativo distribuído. O assistente pessoal digital deverá auxiliar os funcionários a lidar com questões como o agendamento de tarefas, alocação de recursos, criação de relatórios coerentes a partir de pequenas porções de informação e gerenciamento de mensagens de e-mail, assinalando mensagens de alta prioridade e propondo automaticamente respostas para mensagens de rotina.

O objetivo é desenvolver um sistema que possa tanto economizar tempo para seus usuários, quanto para melhorar a qualidade das decisões tomadas por esses usuários. O assistente pessoal RADAR deverá lidar com questões simples de forma autônoma, deverá requerer confirmação para tarefas mais complexas e produzir sugestões e rascunhos que o usuário poderá modificar conforme achar necessário. Com o tempo, o sistema deverá aprender quando e com que freqüência ele deverá interromper seu atarefado usuário com questões e sugestões.

Assistente pessoal digital

O desenvolvimento do software será acompanhado por uma pesquisa na qual os cientistas analisarão o comportamento real das pessoas, transferindo a experiência prática para o programa.

Para conseguir alcançar tamanho objetivo, a equipe de desenvolvimento do RADAR deverá utilizar técnicas de vários campos do conhecimento, incluindo aprendizado de máquina, interação homem-máquina, processamento de linguagem natural, representação do conhecimento, planejamento flexível e estudos comportamentais de pessoas que ocupam cargos de gerência.

O assistente pessoal digital deverá também ser capaz de agir conforme instruções específicas, como por exemplo: "Avise-me tão logo o novo orçamento chegue por e-mail". Ele deverá, sobretudo, aprender com sua interação com os usuários, inclusive sabendo como eles reagem aos vários eventos e se antecipando a essas reações. Isso evitará que o programa se torne um chato a atormentar o usuário.

Se o projeto tiver êxito, talvez não tenhamos que esperar até o século 23 para, finalmente, dizer: "Computador, acorde-me às 7, apague todas as luzes, toque um CD da Enya. E pode se desligar." Será, finalmente, o fim da era dos teclados.

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