Logotipo do Site Inovação Tecnológica





Nanotecnologia

Dosímetro descartável mede nível de exposição aos raios ultravioleta

Com informações da Agenusp - 12/09/2007

Dosímetro descartável mede nível de exposição aos raios ultravioleta

Pesquisadores do Instituto de Química da USP desenvolveram um dispositivo de uso pessoal capaz de medir o nível de exposição aos raios ultravioleta (UV). O trabalho rendeu a conquista do prêmio NanoEurope 2006 (categoria médica), na Suíça, um dos maiores congressos de nanotecnologia da Europa.

Dosímetro descartável

O aparelho é um dosímetro - um medidor de doses - descartável e capaz de informar ao usuário, de modo simples e acessível, acerca de um possível excesso de radiação ultravioleta, uma dose que possa ser nociva à sua saúde.

O dispositivo tem a forma de um cartão, no qual se encontram pequenos círculos coloridos. O funcionamento é extremamente simples. À medida em que fica exposto à radiação UV, o círculo tem a intensidade de sua cor diminuída, como que desbotando: o roxo vira lilás.

Filme de nanopartículas

A simplicidade de funcionamento, porém, esconde a pesquisa e a tecnologia por trás do aparelho. "Se o resultado não é um aparelho sofisticado, o conceito químico do trabalho é bastante elaborado. A questão abrange uma relação entre a química supramolecular e a nanotecnologia", aponta Juliano Bonacin, um dos participantes da pesquisa.

O dosímetro inventado, em última análise, é um filme de nanopartículas de dióxido de titânio, substância que tem a capacidade de absorver a luz ultravioleta, e só a luz ultravioleta - ela não é sensível às outras. Quando o UV é absorvido, o dióxido de titânio gera um processo de reações fotoquímicas que degradam o corante (um complexo de ferro).

Alerta de exposição aos raios ultravioleta

Ficando mais tempo exposto ao sol, o corante, inicialmente roxo e depois lilás, passa para um lilás mais claro e assim por diante, cada vez mais claro. E quem estiver de posse do cartão pode conferir, visualmente, se os minutos ou horas passados sob o sol representam perigo. Numa hipotética escala, o roxo indicaria, por exemplo, nenhuma exposição e o lilás, exposição de uma hora.

"É preciso calibrar o dosímetro. Para isso, basta expor a uma fonte ultravioleta de intensidade conhecida e marcar quanto tempo levou para degradar o spot, o pequeno ?poço? com corante [o círculo]. A partir daí, podemos criar uma escala comparativa de tonalidades, correlacionado com as doses de radiação UV", esclarece Sergio H. Toma, um dos autores do projeto. Além dele e de Bonacin, participaram os pesquisadores Koiti Araki e Henrique E. Toma.

Danos cumulativos dos raios ultravioleta

Dosímetro descartável mede nível de exposição aos raios ultravioletaSergio Toma explica por que o novo dosímetro é ideal para apontar os efeitos negativos do sol sobre a pele. "Ela recebe os raios e inicia um processo inflamatório e, depois, de recuperação. Mas o dano vai se acumulando, por isso a pele envelhece. Nesse ponto, o dosímetro mais ou menos simula a pele."

Já existem dosímetros capazes de medir a radiação UV recebida durante certo período de tempo - mas são equipamentos eletrônicos sofisticados e caros e, por isso, pouco acessíveis. Não havia sido confeccionado, ainda, um aparelho descartável. Prático e barato, o novo dosímetro poderá vir a preencher esta lacuna no mercado, quando começar a ser comercializado.

Dosímetro portátil

Sergio Toma esclarece: "A proposta é usar o cartão como um crachá, por exemplo. Porque não envolve só a questão de riscos à saúde nas horas de lazer. Pessoas que utilizam aquelas soldas elétricas, os soldadores - a própria utilização da solda gera ultravioleta".

O mais próximo de um dosímetro acessível e comercializável que temos à disposição são adereços que mudam de cor ao receberem luz solar. Bastante comuns, eles normalmente vêm na forma de presilhas de cabelo. Mas, por definição, não se pode considerá-los dosímetros: não medem dose alguma. Indicam, de fato, certa intensidade de luz ultravioleta, e apenas isso. Desprovidas de qualquer "efeito de memória", tais presilhas não permitem que se conheça a quantidade total de radiação recebida ao longo de um período determinado.

"No Brasil, esta é a primeira patente para dosímetros visuais", pondera Sergio Toma. "Existem propostas alternativas de dosímetros na forma de cartão. Só que, na hora da leitura, é preciso que se recolha todos os cartões utilizados e leve até o equipamento para fazer análise. Depois é que sai o resultado."

Melanoma

Na prática, o resultado desse experimento pode representar importante alternativa na prevenção de problemas de saúde causados por doses excessivas de UV. Os olhos e o tecido epidérmico sofrem, e irão sofrer ainda mais, as conseqüências da tendência à diminuição - ou mesmo ausência, em certos pontos próximos aos pólos - da camada de ozônio.

Entre 1975 e 2000, informa o texto do trabalho, a incidência do melanoma, a forma mais agressiva do câncer de pele, quase que dobrou. E cerca de 15 milhões de pessoas no mundo sofrem de catarata associada à radiação ultravioleta.

Seguir Site Inovação Tecnológica no Google Notícias





Outras notícias sobre:
  • Saúde e Reabilitação
  • Saúde e Reabilitação
  • Nanopartículas
  • Monitoramento Ambiental

Mais tópicos