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Batalha estelar ajuda a explicar como o Sol morrerá

Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/02/2020

Batalha estelar ajuda a explicar como o Sol morrerá
O gás que restou da batalha no binário de estrelas HD101584. As cores representam velocidade, desde o azul - gás que se desloca na nossa direção em maior velocidade - até o vermelho - gás que se afasta de nós a uma velocidade maior.
[Imagem: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/Olofsson et al./Robert Cumming]

Gigante vermelha e anã branca

Astrônomos descobriram uma nuvem de gás muito peculiar: Ela é resultante da "confrontação" entre duas estrelas.

Uma das estrelas cresceu tanto que engolfou a outra, a qual, por sua vez, espiralou em direção à sua companheira levando-a a liberar suas camadas mais externas.

Tal como os humanos, as estrelas se modificam com a idade, acabando por morrer. No caso do Sol e outras estrelas da mesma categoria, essa modificação passa por uma fase durante a qual, tendo já queimado todo o hidrogênio existente no seu centro, a estrela aumenta de tamanho, transformando-se em uma gigante vermelha. Eventualmente, a estrela decadente perde as suas camadas mais exteriores, restando no final um núcleo quente e denso, ao qual chamamos anã branca.

"O sistema estelar HD101584 é especial no sentido de que o seu 'processo de morte' terminou prematuramente de forma dramática quando uma companheira de pequena massa bastante próxima se viu engolfada pela gigante vermelha," explica Hans Olofsson, da Universidade de Tecnologia Chalmers, na Suécia.

Batalha estelar

A interpretação dos dados do radiotelescópio ALMA e do telescópio submilimétrico APEX mostra que o que aconteceu ao sistema estelar duplo HD101584 se assemelhou a uma batalha estelar.

Quando a estrela principal se transformou em uma gigante vermelha, ela cresceu tanto que acabou por engolir a estrela menor. Como resultado, a menor espiralou em direção ao núcleo da gigante e, apesar de não ter colidido com ela, a manobra fez com que a estrela maior explodisse, deixando as suas camadas de gás espalhadas e o seu núcleo exposto.

Os astrônomos afirmam que a estrutura complexa do gás observada na nebulosa resultante se deve aos jatos que se formaram no processo. Tal como um golpe mortal desferido às camadas de gás já vencidas, estes jatos foram lançados através do material previamente ejetado, dando origem aos anéis de gás e às bolhas brilhantes azuladas e avermelhadas que vemos na nebulosa.

Envelhecimento do Sol

Um dos aspectos positivos de ver uma batalha estelar como esta é que seu estudo ajuda os astrônomos a compreenderem melhor a evolução final de estrelas como o Sol.

"Atualmente, conseguimos descrever os processos de morte comuns a muitas estrelas do tipo do Sol, mas não conseguimos explicar o seu porquê ou exatamente como é que acontecem. A HD101584 nos dá pistas importantes para resolver este mistério, já que se encontra atualmente numa fase curta e transitória entre estágios evolucionários que conhecemos melhor. Com imagens detalhadas do meio que envolve a HD101584, podemos fazer a ligação entre a gigante vermelha que existia anteriormente e o resto estelar em que se transformará brevemente," explicou Sofia Ramstedt da Universidade de Uppsala, na Suécia.

Apesar de os telescópios atuais permitirem aos astrônomos estudar o gás que rodeia o binário, as duas estrelas no centro da complexa nebulosa encontram-se muito próximas uma da outra - e longe demais de nós - para poderem ser vistas separadamente. A expectativa é que o supertelescópio ELT, que será o maior do mundo e está atualmente em construção no deserto chileno do Atacama, permita ver o coração do binário, dando ainda mais informações sobre o processo de morte estelar.

Bibliografia:

Artigo: HD101584: circumstellar characteristics and evolutionary status
Autores: H. Olofsson, T. Khouri, M. Maercker, P. Bergman, L. Doan, D. Tafoya, W. H. T. Vlemmings, E. M. L. Humphreys, M. Lindqvist, L. Nyman, S. Ramstedt
Revista: Astronomy & Astrophysics
Vol.: 623, A153
DOI: 10.1051/0004-6361/201834897
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