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Brasil tenta se vender como pólo tecnológico na CeBIT

Rogerio Wassermann - BBC Brasil - 06/03/2012


Governo eletrônico

Com direito à presença da presidente Dilma Rousseff, discursando na abertura ao lado da chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, o Brasil tenta aproveitar a oportunidade para vender ao mundo uma imagem de pólo importante de produção de tecnologia.

Nos últimos anos o Brasil consolidou sua imagem como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de commodities, mas o país espera também ganhar espaço no mercado para produtos com alto valor agregado, como no setor de tecnologia.

Segundo o governo brasileiro, o país é hoje o sexto maior mercado consumidor do setor de tecnologia e comunicação, mas a produção atualmente é voltada principalmente para o consumo interno.

"A promoção da inclusão digital e do acesso ao conhecimento encontra-se entre as prioridades do atual governo. Por isso é tão importante para o Brasil ser o país-parceiro da CeBIT 2012. Nós vamos poder mostrar ao mundo a capacidade brasileira de desenvolvimento e produção em tecnologia de informação e comunicação (TIC) e com isso atrair investimentos para a área", disse o diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores, Rubens Gama.

Segundo ele, o país já tem hoje expertise em algumas áreas do setor, especialmente em aplicações ligadas ao setor financeiro e de segurança bancária e na indústria do software customizado, desenvolvido de acordo com as demandas específicas do cliente.

O diplomata também aponta o chamado e-government, ou governo eletrônico, como uma área na qual o Brasil vem sendo reconhecido pelo seu avanço - com o pioneirismo na realização de votações com urnas eletrônicas e na coleta e no processamento de informações tributárias.

"Em ambas, o Brasil atingiu um nível de excelência global, e ambas podem agregar valor à imagem do país nesse setor", afirma. Oportunidade de negócios

Pilares

Para os representantes das empresas do setor, a participação brasileira na CeBIT deste ano será também uma oportunidade única de negócios.

"Nossa participação está baseada em dois pilares - o reforço da imagem do Brasil como um mercado avançado de TIC e a oportunidade de negócios para as empresas brasileiras", observa Djalma Petit, diretor de mercado da Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), que vem organizando a participação brasileira na CeBIT há 13 anos.

Para ele, o Brasil vive "um paradoxo", com um dos maiores mercados produtores de tecnologia do mundo, mas com exportações ainda tímidas, já que a produção hoje atende basicamente o consumo interno.

Segundo a Softex, o setor de tecnologia brasileiro gerou um faturamento de US$ 171 bilhões em 2010 e está em crescimento acelerado. A associação espera um avanço de 6% no setor neste ano.

Inversão da lógica

O governo brasileiro estima que até 2020 o setor de tecnologia e comunicação deverá representar 6% do PIB brasileiro.

"O setor de TICs é central hoje em dia para a economia mundial.", observa Rubens Gama. "Na crise de 2008, por exemplo, enquanto muitos setores demoraram dois anos e meio para recuperar os níveis de faturamento do período imediatamente anterior, o setor de TICs recuperou o faturamento pré-crise em menos de seis meses. O setor está em expansão e seguirá assim", afirma.

Segundo ele, o Brasil deve investir em parcerias com outros países com produção avançada de tecnologia para melhor aproveitar suas capacidades específicas. Cebit de Hannover

"A cooperação é mais produtiva para o Brasil do que a competição direta", observa, apontando o exemplo da Índia, que tem alta produção de softwares padrões, mas pouca capacidade instalada para customização, como tem o Brasil.

"Para aumentar as exportações brasileiras, seria interessante, por exemplo, uma eventual parceria com a indústria indiana, na qual esta fornecesse os códigos padrões e o Brasil entrasse com a customização", afirma.

"Com isso, poderíamos abrir um excelente mercado no Sudeste Asiático, na China e, eventualmente, até o Japão, já que a Índia possui extensas carteiras de clientes nessa região. Para os indianos, a parceria com o Brasil poderia abrir mercados na América Latina para seus serviços primários - com a finalização do produto dada pelo Brasil", diz.

Segundo ele, essa seria "a inversão da lógica dos produtos básicos, onde o Brasil entra com a parcela mais primária da agregação de valor". Petrobras e Embrapa

Setores temáticos

Segundo Djalma Petit, da Softex, o grande avanço da participação brasileira na feira deste ano é a presença nos diversos setores temáticos da CeBIT.

Os cerca de 130 expositores brasileiros, entre empresas e instituições privadas e governamentais, estarão distribuídos em seis pavilhões diferentes pela feira de acordo com suas áreas de atuação - um para soluções para educação e outros setores, um para sistemas eletrônicos de governo, um para tecnologias de telecomunicações, um para tecnologias para o setor financeiro, segurança e certificados digitais, um pavilhão para as indústrias-chave de petróleo e agricultura e um para jogos e TV digital.

Entre as empresas brasileiras presentes estarão também as estatais Petrobras, apontada como uma das líderes no desenvolvimento de tecnologias para perfuração de poços de petróleo em águas profundas e na produção de biocombustíveis, e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que tem mostrado avanços no setor de tecnologia voltada à agricultura.

A CeBIT, que vai até o dia 10 de março, conta neste ano com cerca de 4.200 expositores de 70 países e estima cerca de 350 mil visitantes ao longo do evento.

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