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EUA admitem espionar redes sociais e e-mails

Com informações da BBC - 10/06/2013


As surpreendentes denúncias publicadas pelo jornal britânico The Guardian e pelo norte-americano The Washigton Post sobre o alcance da vigilância do governo dos EUA sobre redes de comunicações internacionais abriram um acalorado debate sobre a questão da privacidade na internet.

Segundo os jornais, como parte de um programa de espionagem chamado PRISM (sigla em inglês para Métodos Sustentáveis de Integração de Projetos), agentes da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA na sigla em inglês) teriam acesso direto aos servidores de uma série de grandes empresas que manejam redes de comunicações privadas na web, incluindo Google, Microsoft, Facebook, Yahoo, Skype e Apple, além de acessarem informações da rede de telecomunicações Verizon.

O programa coletaria dados como conteúdo de e-mails, histórico de navegação, conversas de chats e transferências de arquivos.

Seu objetivo seria, principalmente, obter informações sobre suspeitos e redes de terrorismo, segundo autoridades norte-americanas.

Todas as empresas negam ter conhecimento sobre este programa, insistindo que não oferecem acesso amplo a seus dados, mas apenas abrem informações quando recebem intimações judiciais relacionadas a indivíduos específicos.

Só os outros

James Clapper, diretor da NSA, tentou tranquilizar o público norte-americano dizendo que a operação teria como objetivo apenas monitorar cidadãos de outros países - o que evidentemente não ajudou muito a reduzir as preocupações de grupos e indivíduos fora dos EUA.

Neste sábado, por exemplo, foi anunciado que funcionários do centro de espionagem britânico Government Communications Headquarters (Quartel-general de Comunicações do Governo, ou GCHQ), terão de prestar depoimento em um comitê parlamentar sobre as denúncias de que teriam tido acesso a dados do PRISM.

Segundo o The Guardian, o GCHQ teria obtido informações sobre cidadãos britânicos por meio do programa. O centro, porém, diz ter operado "dentro de quadros legais" britânicos.

Hoje, boa parte da população global tem uma presença online e compartilha dados pessoais por meio de e-mails ou redes sociais.

A questão que o caso levanta, segundo o jornalista especializado em tecnologia da BBC Rory Cellan-Jones é como podemos confiar nossos dados e questões relativas a nossa privacidade a empresas americanas - que armazenam todo esse conteúdo em grandes centros de informações nos EUA.

"É possível que essas empresas sejam rigorosas no controle desses dados e de nosso direito à privacidade, mas também é possível que se sintam obrigadas a cooperar diante das exigências do governo", escreveu Cellan-Jones.

Boicote

As denúncias sobre o PRISM motivaram uma série de reações por todo o globo.

"Para os EUA, todos são suspeitos, até o Papa", reclamou o senador esquerdista colombiano Alexander Lopez em entrevista à agência de notícias AP. "Isso deveria ser levado às Nações Unidas."

Na Alemanha, o secretário da Justiça do estado de Hesse, Joerg-Uwe Hahn, pediu um boicote às empesas de internet envolvidas no escândalo.

Para o ativista norte-americano Christopher Soghoian todos os políticos estrangeiros deveriam evitar usar contas de email do Google.

"Esse esquema tem dado à NSA vantagem sobre todas as outras agências de inteligência do mundo", disse Soghoian.

Na Grã-Bretanha, o caso também ampliou as preocupações do Comitê de Inteligência e Segurança do Parlamento sobre o uso de redes e equipamentos de uma empresa chinesa no sistema de telecomunicações britânico.

"Podemos não nos sentir feliz com o fato de que os americanos controlam nossos dados e os chineses, os equipamentos que garantem nossas ligações de celular e banda larga de internet", continuou Cellan-Jones. "Do meu ponto de vista, a vida é muito curta para eu me preocupar se o FBI está lendo meus e-mails ou checando minhas atualizações no Facebook - ou se o Exército chinês está ouvindo meus telefonemas."

Cellan-Jones ressalta, porém, de que há um certo consenso de que o nível de privacidade e segurança das informações de cada um deveria ser uma escolha pessoal - em que cada indivíduo deveria ter ao menos algum grau de controle.

"A impressão que temos hoje é que esse controle está nas mãos de empresas americanas e chinesas. E ao menos que você esteja disposto a deixar o mundo digital, há muito pouco que possa fazer sobre isso," concluiu.

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