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Indústria não demonstra interesse por etanol de segunda geração

Júlio Bernardes - Agência USP - 15/04/2011


Pesquisa sem investimento

O Brasil tem avançado na pesquisa tecnológica para obter etanol a partir da celulose do bagaço de cana (etanol celulósico), mas faltam investimentos empresariais que viabilizem economicamente a produção.

É o que mostra um estudo da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP.

O trabalho do engenheiro bioquímico Marcelo Brant Wurthmann Saad aponta que a produção em caráter experimental só deverá começar dentro de dois anos.

Saad reuniu informações sobre a produção de etanol de segunda geração - ou etanol celulósico, devido a hidrólise da celulose - e realizou uma avaliação técnica e econômica sobre a viabilidade do processo.

Processo de produção do etanol de celulose

"O processo global inclui tratamento, hidrólise e fermentação", aponta o professor Adilson Roberto Gonçalves, que orientou o trabalho. "A avaliação econômica se concentrou principalmente nas duas primeiras etapas."

Na primeira etapa, a biomassa vegetal (nesta pesquisa a matéria-prima adotada é o bagaço de cana) sofre uma ruptura da estrutura macromolecular, o que facilita o acesso a celulose.

"As análises indicam que a opção mais viável é a utilização de um reator de grande escala, em formato tubular e de fluxo contínuo", conta o professor. "Assim, seriam atendidas as necessidades de uma produção industrial, com menores custos de investimento."

Na hidrólise acontece a quebra das moléculas de celulose em glicose, que, em contato com as leveduras da fermentação, transforma-se em etanol.

"A hidrólise pode ser feita de forma não convencional, com ácidos, ou de maneira enzimática, por meio de um processo biotecnológico", diz Gonçalves. "O processo enzimático é o mais recomendável, pois além do custo possivelmente menor, possui mais sustentabilidade ambiental".

Desinteresse das empresas

As análises econômicas feitas na pesquisa mostram que o custo estimado de produção do etanol de segunda geração hoje ficaria em R$ 5,80 por litro - muito superior ao preço do etanol de primeira geração vendido nos postos atualmente.

"Deve-se levar em conta que se trata de uma avaliação inicial de um sistema que ainda não foi implantado e otimizado", ressalta o professor.

De acordo com Gonçalves, há um grande investimento na pesquisa acadêmica, com diversos projetos em andamento.

"O que falta é investimento empresarial para a produção sair do papel", observa.

Projetos experimentais de produção de etanol celulósico já são realizados na Europa, Estados Unidos e Canadá. "No Brasil, as perspectivas são de que a produção experimental comece dentro de dois anos."

Tecnologia de energia

Os estudos terão continuidade com a análise econômica da etapa da fermentação, para completar o ciclo de produção.

"Também serão utilizados mais dados estatísticos e novas ferramentas de estudo, para aprimorar a avaliação em termos econômicos, já que a produção ainda é mais analisada em termos científicos e técnicos", conclui o professor.

O trabalho foi vencedor do Prêmio Petrobras de Tecnologia, na categoria "Tecnologia de Energia".

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