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Inovação tem lugar central nas políticas industriais de países desenvolvidos

Thiago Romero - Agência Fapesp - 30/04/2008


Ainda que tenham governos e composições políticas diferentes, os países desenvolvidos têm algo em comum: a inovação ocupa lugar central em suas políticas industriais, tornando-se motor das estratégias nacionais para a construção de economias mais competitivas no cenário internacional.

Mobilização Brasileira para a Inovação

Essa é uma das conclusões da pesquisa Mobilização Brasileira para a Inovação (Mobit), cujo relatório final foi apresentado durante o seminário "O desafio da inovação no Brasil e as estratégias em sete países", na sede do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.

Encomendado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) ao Observatório da Inovação e Competitividade, sediado no IEA, e executado pelo Centro de Análise e Planejamento (Cebrap), o estudo compara as políticas industriais de base tecnológica dos Estados Unidos, França, Canadá, Irlanda, Reino Unido, Finlândia e Japão, de modo a avaliar o papel da inovação no crescimento econômico brasileiro.

Comparando a capacidade inovadora

A pesquisa Mobit foi elaborada a partir de entrevistas com planejadores públicos, empresários e pesquisadores dos sete países. Trata-se de um estudo comparativo das principais estratégias internacionais para o estímulo de economias inovadoras. A partir desse estudo a idéia é aprimorar e conceber, no Brasil, políticas industriais e tecnológicas que reúnam governos, base empresarial, universidades e centros de pesquisa.

"A pretensão não foi estabelecer exatamente uma comparação no sentido de extrair desses sete países políticas a serem implementadas no Brasil. Isso é muito difícil de ser feito, se é que é possível", disse Glauco Arbix, coordenador geral da pesquisa e professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Os dados coletados pelo trabalho são referentes ao ano 2000 em diante.

Programas e diretrizes

"A intenção foi montar um painel de programas e diretrizes e, a partir dos estudos realizados anteriormente no Brasil, captar e traduzir tendências internacionais que servirão de recomendações ao setor público brasileiro no que diz respeito às políticas de inovação, com base na atual Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do governo federal", acrescenta.

Segundo ele, apesar de todas as diferenças estruturais, todos os sete países pesquisados transitam para um novo paradigma em que o conhecimento ocupa lugar central na produção econômica. A preocupação de tornar suas economias permanentemente mais inovadoras é algo consensual entre essas nações.

"Isso significa que os sete governos, juntamente com associações de representação de classe e os centros universitários e de pesquisa, desenvolvem ativamente políticas, programas e planos que colocam a inovação no centro de suas estratégias nacionais de desenvolvimento", aponta Arbix.

Emaranhado burocrático

Em todos os países pesquisados a preocupação em tornar os mercados mais amigáveis à inovação também é algo permanente, o que se traduz em políticas específicas no que se refere à infra-estrutura, ao sistema regulatório, aos incentivos e aos instrumentos necessários para otimizar o desempenho das empresas.

Por outro lado, o trabalho mostra que, por ter criado nos últimos anos novas instituições, leis e políticas específicas, como os fundos setoriais, Lei de Inovação, "Lei do Bem" e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), o Brasil avançou no que se refere aos instrumentos legais e institucionais voltados à inovação.

Isso faz com que, segundo o estudo, as leis e políticas existentes não impeçam o Brasil de planejar e executar estratégias de crescimento econômico com base na inovação. No entanto, o emaranhado burocrático que constrange a atuação dos órgãos públicos ainda dificulta a coordenação das iniciativas voltadas para a construção de uma economia baseada nas atividades de inovação.

Falta de maturidade

"O Brasil ainda não tem a maturidade necessária quando se trata de definição de políticas industriais, tecnológicas e de inovação", destacou Arbix. "Em contrapartida, todos os sete países analisados têm sólidas políticas nessas áreas, definem setores prioritários de atuação e conseguem manter essas definições ao longo do tempo e com as mudanças de governo", afirma.

Entre os grandes obstáculos brasileiros à inovação apontados pelo estudo destacam-se a falta de ordenação política dos órgãos do governo envolvidos com a inovação, a desinformação em relação aos instrumentos de apoio existentes e o prazo longo para liberação de recursos.

Alteração qualitativa

"É totalmente errada a idéia de que basta elevar os níveis de investimentos para alterar qualitativamente a estrutura produtiva e de serviços do Brasil. Não há confirmação ou evidências de que esse seja o caminho mais viável. Os investimentos são sempre fundamentais, mas é necessário analisar os setores em que os recursos serão alocados", disse.

"Se não determinar a qualidade dos investimentos, o governo brasileiro não dará conta de um dos principais entraves da economia brasileira, que é o atraso do país em relação a sua capacidade inovadora. O aumento de investimentos e o aumento da inovação são duas questões distintas, mas que precisam ser trabalhadas de forma combinada", concluiu Arbix.

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