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Meio ambiente

Megacidades respiram, consomem e poluem. Algumas se cuidam.

Michael Bernstein - 06/10/2009

Megacidades respiram, consomem e poluem. Algumas se cuidam.
Nevoeiro no Cairo, no Egito, uma das megacidades com problemas ambientais.
[Imagem: Wikimedia Commons]

Metabolismo urbano

A tendência científica para ver as maiores cidades do mundo como seres vivos, que respiram, consomem e excretam, está levando a uma compreensão mais profunda de como a má qualidade do ar nas megacidades pode prejudicar os moradores e também desempenhar um papel importante na mudança climática global.

Esta é a conclusão de um relatório sobre um modelo de "metabolismo urbano" das megacidades.

Charles Kolb, um dos responsáveis pela elaboração do relatório, argumenta que o conceito de metabolismo urbano já existe há décadas. Ele vê as grandes cidades como entidades vivas, que consomem energia, alimentos, água e outras matérias-primas, e libera resíduos.

Os resíduos lançados incluem o dióxido de carbono - o principal gás de efeito estufa - poluentes do ar, esgotos e outros poluentes da água e até mesmo o excesso de calor que se acumula em grandes extensões de vias pavimentadas e prédios.

Dejetos das cidades

Os seres humanos produzem diretamente uma parcela significativa desses resíduos, mas as emissões de indústrias, usinas de geração de energia e sistemas de transporte exalam as maiores quantidades de gases de efeito estufa e outros poluentes do ar.

Outros metabolizadores urbanos incluem sistemas de esgotos, aterros sanitários, animais domésticos e pragas, como os ratos, que em algumas cidades são mais numerosos do que as pessoas.

Durante os últimos cinco anos, este corpo de conhecimento tornou mais claros os perigos da má qualidade do ar nas megacidades, não apenas sobre as grandes populações locais, mas também sobre as aglomerações centrais, as atividades agrícolas e os ecossistemas naturais localizados a sotavento dessas áreas, afirma Kolb.

"O dióxido de carbono e outros poluentes tornam as megacidades gigantescos indutores de mudanças climáticas," disse Kolb. "Eles impactam o clima em nível regional e global porque estes gases de efeito estufa são duradouros e se dispersam ao redor do mundo."

Megacidades

Mais da metade da população do mundo vive hoje nas cidades, e as maiores áreas urbanas do mundo estão crescendo rapidamente. O número de megacidades - regiões metropolitanas com população superior a 10 milhões - cresceu de apenas três em 1975 para cerca de 20 hoje.

As megacidades mais poluídas estão nos países em desenvolvimento e incluem Dhaka, (Bangladesh), Cairo (Egito) e Karachi (Paquistão). Algumas das megacidades localizadas em regiões menos desenvolvidas têm criado campanhas de gerenciamento da qualidade do ar que resultaram em menores níveis de poluição. Entre estas estão Cidade do México (México), Pequim (China), São Paulo (Brasil) e Buenos Aires (Argentina).

Mesmo as megacidades mais limpas, como Tóquio e Osaka, no Japão, e Nova Iorque e Los Angeles, nos Estados Unidos - todas no mundo desenvolvido - continuam tendo sérios problemas, segundo Kolb.

O clima quente e as frequentes inversões atmosféricas no sul da Califórnia, por exemplo, geram o eterno problema dos nevoeiros em Los Angeles. Na Cidade do México, a elevada altitude, combinada com sua baixa latitude, produz altos níveis de radiação solar ultravioleta, que causam a produção fotoquímica de nevoeiros. Além disso, as altas cadeias montanhosas em suas cercanias aprisionam os poluentes resultantes sobre a cidade durante dias.

"Isso provoca uma situação muito grave para os moradores da Cidade do México", disse ele. "Você tem níveis muito danosos à saúde de ozônio e de particulados finos que causam grande número de mortes prematuras todo ano. Estudos mostram que, para cada aumento de 10 microgramas por metro cúbico dessas partículas, você tem um aumento de cerca de 10 por cento no número de mortes prematuras, produzindo uma diminuição da expectativa média de vida de cerca de 0,8 ano. Também aumentam os atendimentos hospitalares decorrentes da asma e bronquite."

Controle do crescimento urbano

O controle do crescimento urbano no mundo em desenvolvimento é fundamental para a melhoria da qualidade do ar no mundo, disse Kolb. Os níveis de poluentes urbanos nos países pobres continuarão altos, com aumento das emissões conforme as populações da cidade e as atividades econômicas aumentem. Até que as megacidades se tornem ricas o suficiente para dedicar recursos significativos para reduzir suas emissões, dois fatores irão invariavelmente aumentar as tensões em seu meio ambiente - o aumento do tráfego de veículos e o crescimento industrial.

O Sul da Califórnia, no entanto, tem tido sucesso em suas ações para modificar o seu metabolismo urbano, lançando esforços pioneiros para reduzir as emissões dos automóveis.

Kolb acentua que a Cidade do México - ao contrário da maioria das megacidades nos países menos desenvolvidos - também tem dados passos bem-sucedidos para lidar parcialmente com a má qualidade do ar. Nas últimas duas décadas, o governo mexicano introduziu medidas para melhorar a qualidade do ar, incluindo a exigência de dispositivos de controle da poluição, como catalisadores, nos veículos novos, a redução dos níveis de enxofre na gasolina e no diesel e a realocação de alguns grandes emissores industriais para fora do Vale do México.

Medidas mais simples primeiro

Kolb afirma que as megacidades da Ásia e África necessitam urgentemente modificar o seu metabolismo urbano de formas semelhantes. Algumas mudanças fundamentais poderiam dar retornos muito rapidamente.

"Precisamos começar com as medidas mais simples", disse ele. "Em algumas cidades da Ásia e África, eles continuam usando gasolina com chumbo. No mundo desenvolvido, nós podemos instituir controles de emissões em veículos a diesel, que geram partículas finas perigosos, e podemos também reduzir a poluição usando mais transportes ferroviários de massa ou definindo rotas de ônibus especializadas."

O modelo de metabolismo urbano demonstra como as megacidades do mundo desenvolvido, como Tóquio, Nova Iorque York e Los Angeles, têm melhorado a sua qualidade do ar, apesar de um aumento da população. O estudo também avalia a forma como as megacidades do mundo em desenvolvimento estão lidando seriamente com o problema.

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