Logotipo do Site Inovação Tecnológica





Energia

Nova enzima é a chave para a viabilização do etanol da biomassa florestal

Alana Gandra - 20/06/2008


A obtenção de derivados energéticos de alto valor agregado a partir de biomassa florestal é uma das linhas de pesquisas do programa Florestas Energéticas na Matriz de Agroenergia Brasileira, um esforço que congrega 70 instituições públicas e privadas e mais de 100 pesquisadores de todo o país.

Catalisadores biológicos

Segundo a pesquisadora Sonia Couri, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, ainda existem muitos complicadores que oneram a produção de energia a partir de biomassa.

Um deles é o custo internacional das enzimas - ou catalisadores biológicos - usadas na produção de energia, que oscila hoje entre US$ 0,30 a US$ 0,50 por galão de etanol. Mas, para ser lucrativo para o setor produtivo, esse valor teria que ser reduzido para cerca de US$ 0,05 o barril, informou Sonia Couri. Essas enzimas, atualmente, são importadas pelo Brasil.

"O mundo todo está procurando produzir uma enzima que torne esse processo economicamente viável. Porque a enzima é muito cara ainda", explicou. Ela alertou também que ainda não está otimizado o pré-tratamento da biomassa. Daí o interesse dos pesquisadores em conseguir recursos que permitam agilizar os trabalhos.

Pré-tratamento da madeira

Sonia Couri explicou que , antes de iniciar o processo de fabricação de energia a partir da biomassa, é preciso efetuar o pré-tratamento da estrutura rígida dos troncos para expor a fibra de celulose à ação das enzimas. "Você tem que tirar a celulose que está mais escondida para que a enzima possa agir".

A pesquisadora destacou que é preciso que haja condições diferenciadas de pré-tratamento para cada tipo de matéria-prima usada, como resíduos de agroindústria, toras de árvore ou bagaço de cana.

Polímero de glicose

A celulose é um polímero de glicose, ou seja, uma molécula grande e complexa. "Então, a enzima age na molécula de celulose e transforma aquilo em um xarope de glicose. A enzima faz com que a ligação entre uma glicose e outra seja rompida, e aí você tem então a glicose livre para ser fermentada e fazer o etanol", explicou Sonia.

Trabalhar com baixas temperaturas e em condições brandas é uma das vantagens do uso dessas enzimas. Elas substituem o tratamento com ácidos, que é muito drástico e resulta em um resíduo difícil de tratar depois, segundo a pesquisadora.

Fungos

A Embrapa Agroindústria de Alimentos procura isolar fungos que sejam excelentes produtores dessas enzimas para depois utilizar na biomassa. Até o momento, a unidade de pesquisas já testou cerca de 500 fungos. Dois deles foram selecionados nos laboratórios do Centro de Tecnologia de Alimentos (CTA), situado no estado do Rio, e da Embrapa Agroindústria Tropical, que fica no Ceará.

Outros grupos de pesquisadores da Embrapa e de entidades de pesquisa parceiras efetuam a triagem para seleção de bactérias, cuidam da caracterização do DNA desses fungos e bactérias selecionados, e buscam ainda, a partir da biomassa, produzir um bio-óleo, que também é um derivado energético.

Aproveitamento das florestas plantadas

"Se você considerar que o Brasil tem poucas áreas plantadas, existe um potencial muito grande para explorar essa área plantada. Você pode usar tanto a madeira de floresta plantada - não é a madeira de floresta nativa, de jeito nenhum - ou mesmo resíduos dessa floresta", disse Sonia.

A pesquisadora avaliou que, em termos energéticos, é muito mais vantajoso usar parte dessas florestas plantadas para geração de energia. Ela argumentou que se o Brasil tivesse atualmente mais áreas com florestas plantadas, não haveria tanta invasão de florestas nativas.

Seguir Site Inovação Tecnológica no Google Notícias





Outras notícias sobre:
  • Biocombustíveis
  • Biotecnologia
  • Catalisadores
  • Fontes Alternativas de Energia

Mais tópicos