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Meio ambiente

Placas tectônicas podem depender da composição da Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/08/2015

Placas tectônicas podem depender da composição da Terra
As placas tectônicas podem fazer parte de um mecanismo pelo qual a Terra controla seu próprio calor.
[Imagem: USGS]

Tectônica de placas

As placas tectônicas são hoje bem conhecidas e bem caracterizadas, mas essa teoria foi desenvolvida há menos de 50 anos, por Donald MacKenzie e Robert Palmer, para explicar o processo da deriva continental, esta verificada por Alfred Wegener no início do século XX.

A teoria afirma que as placas tectônicas se originam pela diferença de densidade entre a litosfera, a camada superior da Terra, que inclui a crosta, e a astenosfera, a parte mais interna do manto, que deve ter uma consistência viscosa.

Para Mark Jellinek e Matthew Jackson, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, a coisa é um pouco mais interessante.

E, segundo eles, sua nova teoria tem um impacto direto sobre os estudos em busca de exoplanetas e suas zonas habitáveis viáveis para a vida.

Terra com calor e Terra com frio

Para os dois pesquisadores, a tectônica de placas é uma manifestação da Terra tentando se resfriar.

As placas mais frias afundam-se na Terra e absorvem calor, enquanto os vulcões liberam calor nos pontos onde as placas estão se espalhando e se formando.

"Se as placas tectônicas vão ou não existir na verdade depende se a Terra está ou não muito quente ou muito fria," explica Jackson. "Se ela estiver muito quente, as placas tectônicas dominam, e, se ela estiver muito fria, elas travam."

Isto é coerente com uma outra proposta recente sobre o vulcanismo, que defende que as atuais teorias sobre os vulcões podem estar erradas.

Placas tectônicas podem depender da composição da Terra
A nova teoria tem um impacto direto sobre os estudos em busca de exoplanetas em zonas habitáveis.
[Imagem: NASA]

Calor interno da Terra

Até uma década atrás, os cientistas baseavam a composição da Terra em um modelo associado a meteoritos rochosos antigos chamados condritos, que eram considerados os blocos básicos de construção do nosso planeta.

Então, novos estudos, que analisaram a relação entre dois isótopos de neodímio (142Nd e 144Nd), demonstraram que a composição da Terra pode ser diferente da composição dos condritos - diferente o suficiente para enviar os cientistas de volta à prancheta.

Em 2013, Jackson e Jellinek publicaram um novo modelo de composição da Terra no qual uma grande parte do manto se modificou para gerar a crosta continental. O modelo assume uma redução de 30% no teor de urânio, tório e potássio no planeta em relação aos modelos anteriores. Acredita-se que o decaimento desses elementos naturais gere quase todo o calor de origem radioativa do planeta - o calor que vem de dentro da Terra.

Agora eles aprimoraram o modelo, que deu então origem à nova proposta sobre as placas tectônicas.

"Nós argumentamos que, se o planeta tivesse tanto urânio, tório e potássio como no modelo antigo, a existência das placas tectônicas poderia não ser possível," explica Jackson. "Se for assim, você pode acabar com um planeta que tem somente uma grande placa e se tornar uma estufa extrema, como Vênus. O novo modelo de composição dá à Terra um ponto suave onde seu interior não é nem muito quente nem muito Frio - um lugar que permite que o nosso modo atual de placas tectônicas funcione."

Exoplanetas habitáveis

Se o urânio, tório e potássio governam realmente a existência das placas tectônicas, como Jackson e Jellinek propõem, os astrônomos que estão procurando por planetas habitáveis terão que considerar esses novos parâmetros.

Hoje já se conhecem mais de mil exoplanetas, uma pequena fração dos quais está na zona habitável em torno de suas estrelas.

Contudo, se a nova teoria estiver correta, a concentração desses elementos radioativos na composição dos exoplanetas pode estreitar ou ampliar a faixa considerada como zona habitável.

Bibliografia:

Artigo: Connections between the bulk composition, geodynamics and habitability of Earth
Autores: A. Mark Jellinek, Matthew G. Jackson
Revista: Nature Geoscience
Vol.: 8, 587-593
DOI: 10.1038/ngeo2488
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