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Meio ambiente

Tesouros submarinos de minérios e metais ainda desconhecidos

Com informações da Agência Fapesp - 18/12/2015

Tesouros submarinos de minérios e metais
Pesquisadores vão investigar depósitos de metais na Elevação do Rio Grande e em planícies abissais ao largo da Ilha da Madeira, no Atlântico Norte.
[Imagem: Elevação do Rio Grande/CPRM]

Profundezas do mar grande

A formação rochosa submarina conhecida como Elevação do Rio Grande, uma cordilheira de 3 mil km2 no fundo do oceano Atlântico, a 1,5 mil quilômetros de distância da costa brasileira, guarda um verdadeiro tesouro em minerais e elementos químicos cada vez mais escassos na superfície terrestre.

Para desbravar essa fronteira ainda desconhecida, pesquisadores brasileiros e britânicos reuniram-se no projeto Marine E-tech, um esforço multidisciplinar para estudo a formação dos depósitos de metais em águas profundas.

Além da Elevação do Rio Grande, na qual os pesquisadores brasileiros se concentrarão, a iniciativa contará com pesquisas em planícies abissais ao largo da Ilha da Madeira, no Atlântico Norte.

Metais biogênicos

"O Brasil possui 8.500 km de costa com uma série de recursos naturais disponíveis e ainda depende muito de terras raras para desenvolver suas tecnologias. A Elevação do Rio Grande é uma potencial fonte de recursos, mas sobre a qual ainda se sabe muito pouco nas ciências oceanográficas e na mineração, o que inviabiliza o entendimento de suas potencialidades e da sustentabilidade da sua exploração. As pesquisas serão conduzidas para encontrar soluções nesse sentido", destacou o professor Frederico Brandini, do Instituto Oceanográfico da USP.

As perguntas são básicas: como esses depósitos e nódulos minerais se originaram, como se formam e como são mantidos.

"É preciso determinar se a origem desses nódulos é biogênica ou o resultado de reações químicas que induzem a precipitações metálicas. Bactérias litotróficas usam energia da oxirredução de elementos químicos para precipitar esses metais", exemplificou Brandini.

Tesouros submarinos de minérios e metais
Amostra de nódulo polimetálico rico em metais de grande interesse tecnológico.
[Imagem: CPRM]

Tesouros submersos

O trabalho na Elevação do Rio Grande também tentará elucidar quais composições minerais estão presentes nos nódulos polimetálicos, rochas de diversos tamanhos que apresentam altas concentrações de diferentes metais.

"Esses nódulos têm em média 10 centímetros e determinadas regiões dos oceanos estão repletas deles, a maior parte de ferro e manganês, mas com outros elementos químicos incorporados e relativamente fáceis de serem extraídos. Porém, todo esse potencial mineral está a mais de mil metros de profundidade, podendo chegar a até 5 mil metros, o que exige amplo conhecimento científico e tecnologias muito específicas", explicou Brandini.

Entre esses metais e minerais estão alguns necessários ao desenvolvimento de tecnologias para produção de energia mais limpa e eficiente, como os elementos de terras raras, que podem ser utilizados em baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares, entre outras aplicações. Há ainda os elementos chamados e-tech, como o telúrio, o cobalto e o selênio.

"Alguns desses elementos são altamente concentrados em depósitos no fundo do mar, que constituem o recurso marinho de metal mais importante para exploração e aproveitamentos futuros. Por exemplo, os maiores níveis de enriquecimento de telúrio são encontrados nas profundezas dos oceanos, em crostas de ferro manganês em montanhas submarinas", disse Paul Lutsy, do Serviço Geológico Britânico (BGS).

Telúrio é um componente essencial na produção de células solares, mas o elemento está presente em apenas 0,0000001% da superfície terrestre, o que o torna três vezes mais escasso do que o ouro.

Tesouros submarinos de minérios e metais
Amostra de nódulo polimetálico rico em metais de grande interesse tecnológico.
[Imagem: CPRM]

Pedras vivas

Contudo, e apesar do potencial econômico e tecnológico, não há parceiros industriais ou mineradores unidos no esforço de pesquisa, que estará assim primariamente preocupado com os aspectos ambientais.

"Trata-se de estudos oceanográficos para que seja desvendada a história desses nódulos, que crescem e que são organismos com propriedades únicas, como se fossem pedras vivas, com composição química muito particular e sobre os quais ainda pairam perguntas científicas não respondidas. Para isso é preciso um esforço multidisciplinar, caso deste projeto, envolvendo pesquisadores de biologia, geologia, física, além da expertise em tecnologia e da metodologia dos grupos internacionais a ele associados," conclui o pesquisador.

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