Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/04/2020
Dá para cumprir Acordo de Paris
A temperatura média global já está 1 °C acima dos níveis pré-industriais e as tendências atuais de consumo de energia e emissões não estão no caminho certo para cumprir as metas do Acordo de Paris.
Mas existem meios para atingir esses objetivos.
Keramidas Kimon e um time de especialistas reunidos pela Comissão Europeia identificaram quatro dinâmicas tecnológicas no setor de energia que têm o poder de limitar o aquecimento global a menos de 2 °C se todas forem implementadas simultaneamente.
O relatório mostra que é tecnicamente possível atingir a meta de 2 °C do acordo de Paris, a um custo relativamente baixo, transformando simultaneamente quatro elementos do sistema energético.
1 - A eletrificação pode turbinar a transição energética
A eletricidade é cada vez mais produzida a partir de fontes de energia renováveis. Portanto, a eletrificação - a substituição de tecnologias que funcionam com combustíveis fósseis por alternativas que funcionam com eletricidade - desempenha um papel fundamental na transição energética.
O relatório constata que as taxas de eletrificação têm aumentado em todos os setores consumidores de energia (indústria, edifícios e transportes) e continuarão a aumentar mesmo na ausência de novas políticas climáticas mais fortes.
No entanto, é necessário um novo impulso para eletrificar os setores que mais consomem energia, a fim de acelerar a descarbonização de todo o sistema energético.
O transporte, em particular, é um dos setores cruciais que tem apresentado um grau muito baixo de eletrificação até agora, mas essa situação possivelmente irá se reverter em breve, graças ao rápido desenvolvimento de veículos elétricos e à esperada chegada de combustíveis sintéticos derivados de eletricidade.
Quando combinada com uma transição para a eletricidade renovável, a eletrificação também pode ter efeitos positivos na qualidade do ar e na saúde humana.
2 - Descarbonização da geração de energia
A descarbonização da geração de energia pode ser alcançada aumentando a fatia das fontes de energia de baixo carbono, principalmente renováveis, e reduzindo o uso de combustíveis fósseis.
Com a descarbonização da geração de energia, a eletricidade se torna progressivamente um combustível de baixo carbono.
O relatório argumenta que a descarbonização total da geração de energia não apenas é tecnicamente viável, mas também é uma medida economicamente atrativa em termos de custos para combater as mudanças climáticas.
As principais tecnologias de geração de energia de baixo carbono já estão disponíveis. E com um custo de geração menor do que o das tecnologias baseadas em combustíveis fósseis em um número crescente de mercados em todo o mundo, elas também são cada vez mais competitivas.
Além da eletricidade, os cenários de 2 °C também veem a adoção mais ampla de outras fontes de energia de baixo carbono para os transportes, como os biocombustíveis líquidos, hidrogênio, e gás e combustíveis líquidos oriundos da eletrificação.
3 - Aumentando a eficiência energética
As opções de eficiência energética nos setores da construção civil, transporte e indústria ajudam a economizar energia e reduzir o consumo.
O relatório destaca que a mudança de tecnologias ineficientes de combustíveis fósseis para tecnologias elétricas mais eficientes oferece ganhos de eficiência.
Por exemplo, tecnologias elétricas, como bombas de calor em prédios e veículos elétricos, têm maior eficiência energética do que os sistemas e veículos com aquecimento tradicional.
4 - Mobilizar novas opções para integrar e armazenar energia verde
O relatório também pede a mobilização de novas soluções que permitam a expansão de tecnologias de energia renovável, algumas das quais são intermitentes por natureza.
Por exemplo, soluções estacionárias de armazenamento de energia podem ser usadas para aumentar a participação de fontes renováveis no mix de energia e estabilizar a rede elétrica.
Qual é o custo?
O estudo mostra que é tecnicamente possível fazer a transição para a energia limpa e atingir a meta de 2 °C a um custo relativamente pequeno, ao mesmo tempo em que benefícios são gerados, como melhorias na qualidade do ar e redução nos impactos econômicos da própria mudança climática.
Os autores estimam que o custo nas próximas décadas aumentaria 0,03% do PIB anualmente, o que significa que a economia global ainda mais que dobraria até 2050.
O relatório também enfatiza que melhores condições facilitadoras da eletrificação podem desempenhar um papel significativo na redução dos custos macroeconômicos.