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Meio ambiente

Aquecimento global pode reverter para uma nova Era do Gelo?

Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/12/2021

Aquecimento global pode reverter para uma nova Era do Gelo?
Será que, sem saber, estamos caminhando para uma nova Era do Gelo?
[Imagem: Pixabay]

Aquecimento que virou Era do Gelo

E se a atual onda de aquecimento global se reverter em uma onda de resfriamento global?

Esta é uma possibilidade intrigante que acaba de ser levantada por dois estudos publicados pelas renomadas revistas Science Advances e PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

Os dois trabalhos tentam dar uma resposta a uma das questões mais persistentes na climatologia, na história ambiental e nas ciências da terra: O que causou a Pequena Idade do Gelo?

Também conhecido como Pequena Era Glacial, este foi um período de resfriamento que ocorreu na Era Moderna, entre os anos de 1300 e 1860, tornando-se um dos períodos mais frios dos últimos 10.000 anos.

A resposta obtida pelos cientistas parece ser um paradoxo: a Pequena Idade do Gelo foi causada pelo aquecimento.

Água doce demais no mar

No ano passado, Francois Lapointe e Raymond Bradley, da Universidade de Massachusetts Amherst, nos EUA, reconstruíram cuidadosamente um histórico de 3.000 anos das temperaturas da superfície do mar no Atlântico Norte.

Os dados mostraram algo surpreendente: Uma mudança repentina de condições muito quentes, no final dos anos 1300, para condições frias sem precedentes no início de 1400, apenas 20 anos depois.

Agora eles detalharam ainda mais os dados e descobriram que houve uma transferência anormalmente forte de água quente para o norte no final dos anos 1300, que atingiu o pico por volta de 1380. Como resultado, as águas ao sul da Groenlândia e dos mares nórdicos tornaram-se muito mais quentes do que o normal. "Ninguém reconheceu isso antes," observou Lapointe.

Aquecimento global pode reverter para uma nova Era do Gelo?
O excesso de água doce entrando no mar foi tema do filme O Dia depois de Amanhã, de 2004. Só que agora os dados são reais.
[Imagem: Lapointe et. al - 10.1126/sciadv.abi8230]

Sempre existiu uma transferência de água quente dos trópicos para o Ártico, um processo bem conhecido chamado Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico, que funciona como uma correia transportadora planetária.

Normalmente, a água quente dos trópicos flui para o norte ao longo da costa norte da Europa e, quando atinge latitudes mais altas e encontra as águas árticas mais frias, perde calor e se torna mais densa, fazendo com que a água mergulhe rumo ao fundo do oceano. Essa formação de águas profundas então flui para o sul ao longo da costa da América do Norte, vai até os trópicos e então o processo recomeça.

Mas esse processo ganhou força abruptamente no final do século 13, o que significa que muito mais água quente do que o normal estava se movendo para o norte, o que por sua vez causou uma rápida perda do gelo ártico. Ao longo de algumas décadas no final dos anos 1300 e 1400, grandes quantidades de gelo foram despejadas no Atlântico Norte, o que não apenas resfriou as águas do Atlântico Norte, mas também diluiu sua salinidade, causando o colapso da Circulação Meridional. Foi esse colapso que desencadeou um resfriamento global, dizem os dois cientistas.

Incertezas nos modelos climáticos

A pergunta que surge naturalmente é se um evento de resfriamento tão abrupto poderia acontecer novamente em nossa era de mudanças climáticas globais e, mais especificamente, de aquecimento.

Lapointe e Bradley observam que agora há muito menos gelo marinho ártico devido ao aquecimento global, então um evento como aquele no início de 1400, envolvendo o transporte de gelo marinho, é improvável.

"No entanto, temos que ficar de olho no acúmulo de água doce no Mar de Beaufort (norte do Alasca), que aumentou 40% nas últimas duas décadas. Sua exportação para o Atlântico Norte subpolar pode ter um forte impacto sobre a circulação oceânica. Além disso, os períodos persistentes de alta pressão sobre a Groenlândia no verão têm sido muito mais frequentes na última década e estão associados ao derretimento recorde do gelo.

"Os modelos climáticos não capturam esses eventos de maneira confiável e, portanto, podemos estar subestimando a futura perda de gelo do manto de gelo, com mais água doce entrando no Atlântico Norte, potencialmente levando ao enfraquecimento ou colapso da Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico," disse Lapointe.

Os autores apresentam seus resultados ressaltando que eles são evidência de uma necessidade urgente de que os cientistas e climatologistas discutam essas incertezas dos modelos.

Na verdade, o assunto não é desconhecido dos climatologistas, mas alguns defendem que nossas emissões de CO2 podem ser nossa salvação de uma futura Era do Gelo.

Bibliografia:

Artigo: Little Ice Age abruptly triggered by intrusion of Atlantic waters into the Nordic Seas
Autores: Francois Lapointe, Raymond S. Bradley
Revista: Science Advances
Vol.: 7, Issue 51
DOI: 10.1126/sciadv.abi8230

Artigo: Annually resolved Atlantic sea surface temperature variability over the past 2,900 y
Autores: Francois Lapointe, Raymond S. Bradley, Pierre Francus, Nicholas L. Balascio, Mark B. Abbott, Joseph S. Stoner, Guillaume St-Onge, Arnaud De Coninck, Thibault Labarre
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 117 (44) 27171-27178
DOI: 10.1073/pnas.2014166117
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