Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/04/2009
Cientistas do Laboratório Sandia, nos Estados Unidos, demonstraram a possibilidade de se construir uma camuflagem que imita a forma como camaleões, polvos e várias espécies de peixe mudam suas próprias cores para se disfarçar em cada ambiente.
Roupas que mudam de cor
"O efeito poderá ser utilizado na fabricação de roupas que mudem automaticamente de cor para se adaptar a diferentes situações visuais," diz o professor George Bachand, que coordenou o trabalho que levou à descoberta da camuflagem.
Segundo ele, essas roupas capazes de mudar de cor sem a necessidade de qualquer fonte externa de energia poderão se tornar realidade em um período entre cinco e 10 anos, dependendo do andamento das pesquisas.
Combustível celular
A fonte de energia, tanto para as camuflagens biológicas quanto para a camuflagem sintética que está sendo desenvolvida pela equipe do professor Bachand, é o combustível celular básico chamado ATP - adrenosina trifosfato.
As moléculas de ATP liberam energia à medida que se quebram. Cerca de 50% dessa energia é absorvida pelas proteínas motoras - minúsculos motores moleculares capazes de se mover sobre superfícies.
São esses motores moleculares que agregam ou dispersam os cristais de pigmentação da pele, carregadas em suas "caudas", à medida que andam ao longo dos microtúbulos do esqueleto celular, fazendo com que os animais mudem de cor.
Chave liga-desliga de motores moleculares
Para imitar a camuflagem natural os cientistas tiveram que desenvolver uma forma mais simples de ligar e desligar o movimento dos motores proteicos, que é complexo demais nos seres vivos.
A solução veio com íons de zinco que travam as proteínas. Compostos químicos específicos anulam a ação dos íons de zinco, liberando as proteínas. O processo é controlável e reversível.
"Nós essencialmente reprojetamos a estrutura da proteína para introduzir uma chave no motor," diz Bachand. "Desta forma nós agora podemos ligar e desligar nossos dispositivos nanofluídicos."