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Energia

Criada uma vela de ignição para reatores de fusão nuclear

Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/02/2024

Criada uma vela de ignição para reatores de fusão nuclear
Uma visão do interior da câmara-alvo Ômega durante um experimento de fusão inercial de acionamento direto.
[Imagem: Eugene Kowaluk/University of Rochester]

Vela de ignição para fusão nuclear

Uma espécie de "vela de ignição" para reatores de fusão nuclear promete acelerar o desenvolvimento dessa longamente buscada fonte de energia limpa, que tem potencial para mudar a matriz energética mundial.

Apesar de recordes na produção de energia por fusão nuclear obtidos nos últimos anos, ainda estamos longe da produção de energia líquida - nos reatores experimentais de hoje, é necessário injetar muito mais energia do que a que é produzida na reação de fusão.

Connor Williams e colegas da Universidade Rochester, nos EUA, estão trabalhando em uma versão da fusão nuclear conhecida como "acionamento direto da fusão por confinamento inercial". Esse método consiste em apontar diretamente o laser para a cápsula de combustível, o que é diferente da abordagem de acionamento indireto, usada no gigantesco laboratório NIF (National Ignition Facility), por exemplo, detentor do atual recorde de fusão sustentada.

Na abordagem de acionamento indireto, a luz do laser é convertida em raios X que, por sua vez, forçam a implosão da cápsula, o que comprime o combustível e inicia a fusão nuclear. O grande desafio está justamente em forçar uma implosão o mais homogênea possível, o que tem-se mostrado um desafio difícil de vencer.

No acionamento direto, usado neste experimento, o próprio laser força a implosão da cápsula de combustível, razão pela qual a equipe chama seu aparato de "vela de ignição", o dispositivo que gera a faísca que incendeia o combustível nos atuais motores a combustão.

"Se você conseguir criar a vela de ignição e comprimir o combustível, o acionamento direto terá muitas características que são favoráveis para a energia de fusão em comparação com o acionamento indireto," disse Varchas Gopalaswamy, membro da equipe.

Acionamento direto da fusão nuclear

O conceito funcionou. A equipe completou várias tentativas bem-sucedidas de disparar a energia do laser em pequenas cápsulas cheias de combustível deutério e trítio, fazendo com que as cápsulas implodissem e produzissem um plasma quente o suficiente para iniciar reações de fusão entre os núcleos do combustível.

As temperaturas alcançadas no centro dessas implosões chegam a 100 milhões de graus Celsius. A velocidade com que ocorre a implosão é normalmente entre 500 e 600 quilômetros por segundo. As pressões no núcleo são até 80 bilhões de vezes maiores do que a pressão atmosférica terrestre.

Os experimentos, que causaram reações de fusão que produziram mais energia do que a quantidade de energia no plasma quente central, consumiram 28 quilojoules de energia. Para comparação, em seu recorde mais recente, o NIF usou impulso indireto para irradiar uma cápsula com raios X usando cerca de 2.000 quilojoules de energia laser.

Infelizmente o laboratório usado pela equipe, chamado Ômega, apesar de ser o maior sistema de laser acadêmico no mundo, é pequeno demais para comprimir combustível o suficiente para chegar à ignição, quando a reação de fusão se autossustenta.

Contudo, ao mostrar que é possível atingir esse nível de desempenho de implosão com apenas 28 quilojoules de energia laser, a equipe está entusiasmada com a perspectiva de aplicar métodos de acionamento direto usando lasers de maior energia. A demonstração da sua vela de ignição é um passo importante para isso.

Bibliografia:

Artigo: Demonstration of hot-spot fuel gain exceeding unity in direct-drive inertial confinement fusion implosions
Autores: Connor A. Williams, R. Betti, Varchas Gopalaswamy, J. P. Knauer, C. J. Forrest, A. Lees, R. Ejaz, P. S. Farmakis, D. Cao, P. B. Radha, K. S. Anderson, S. P. Regan, V. Yu Glebov, R. C. Shah, C. Stoeckl, S. Ivancic, K. Churnetski, R. T. Janezic, C. Fella, M. J. Rosenberg, M. J. Bonino, D. R. Harding, W. T. Shmayda, J. Carroll-Nellenback, S. X. Hu, R. Epstein, T. J. B. Collins, C. A. Thomas, I. V. Igumenshchev, V. N. Goncharov, W. Theobald, K. M. Woo, J. A. Marozas, K. A. Bauer, S. Sampat, L. J. Waxer, D. Turnbull, P. V. Heuer, H. McClow, L. Ceurvorst, W. Scullin, D. H. Edgell, M. Koch, D. Bredesen, M. Gatu Johnson, J. A. Frenje, R. D. Petrasso, C. Shuldberg, M. Farrell, J. Murray, D. Guzman, B. Serrato, S. F. B. Morse, M. Labuzeta, C. Deeney, E. M. Campbell
Revista: Nature Physics
DOI: 10.1038/s41567-023-02363-2

Artigo: Demonstration of a hydrodynamically equivalent burning plasma in direct-drive inertial confinement fusion
Autores: V. Gopalaswamy, C. A. Williams, R. Betti, D. Patel, J. P. Knauer, A. Lees, D. Cao, E. M. Campbell, P. Farmakis, R. Ejaz, K. S. Anderson, R. Epstein, J. Carroll-Nellenbeck, I. V. Igumenshchev, J. A. Marozas, P. B. Radha, A. A. Solodov, C. A. Thomas, K. M. Woo, T. J. B. Collins, S. X. Hu, W. Scullin, D. Turnbull, V. N. Goncharov, K. Churnetski, C. J. Forrest, V. Yu. Glebov, P. V. Heuer, H. McClow, R. C. Shah, C. Stoeckl, W. Theobald, D. H. Edgell, S. Ivancic, M. J. Rosenberg, S. P. Regan, D. Bredesen, C. Fella, M. Koch, R. T. Janezic, M. J. Bonino, D. R. Harding, K. A. Bauer, S. Sampat, L. J. Waxer, M. Labuzeta, S. F. B. Morse, M. Gatu-Johnson, R. D. Petrasso, J. A. Frenje, J. Murray, B. Serrato, D. Guzman, C. Shuldberg, M. Farrell, C. Deeney
Revista: Nature Physics
DOI: 10.1038/s41567-023-02361-4
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