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Meio ambiente

Geoengenharia pode transformar aquecimento global em seca global

Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/11/2013

Geoengenharia pode transformar aquecimento global em seca global
"Qualquer solução tecnológica que possamos tentar para sombrear o planeta poderia ter consequências imprevisíveis."
[Imagem: Aidan Whiteley]

Uma abordagem tecnológica amplamente discutida para reduzir o aquecimento global também iria interferir com as chuvas e a neve em escala global.

Calcula-se que o aquecimento global causado por um aumento maciço nos gases de efeito estufa estimularia um aumento médio de cerca de 7% nas precipitações em relação às condições pré-industriais, o patamar contra o qual o aquecimento global é calculado.

Contudo, tentar resolver o problema do aquecimento através da geoengenharia poderá inverter a situação, resultando em uma redução entre 5 e 7% nas chuvas na maioria das regiões do mundo, também em comparação com as condições pré-industriais.

Globalmente, a média de precipitação poderia diminuir em cerca de 4,5%, chegando a 7% na América do Norte e no Sudeste Asiático.

"A geoengenharia do planeta não resolve o problema. Mesmo que uma dessas técnicas possa manter as temperaturas globais aproximadamente equilibradas, as precipitações não voltariam às condições pré-industriais," disse Simone Tilmes, principal autora do novo estudo.

O estudo internacional foi coordenado por cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR) dos Estados Unidos, e chegou a conclusões parecidas com um trabalho feito por uma equipe europeia em 2012:

Riscos da geoengenharia

Muitos cientistas têm defendido abordagens de geoengenharia para reduzir o aquecimento futuro, amparados na crescente preocupação com as mudanças climáticas.

Algumas dessas técnicas pretendem capturar o dióxido de carbono antes que ele entre na atmosfera.

Outras almejam essencialmente fazer sombra na atmosfera injetando partículas de sulfato na estratosfera ou colocando gigantescos espelhos em órbita da Terra com o objetivo de reduzir a incidência dos raios solares.

O novo estudo concentrou-se no segundo conjunto de abordagens, aquelas que pretendem "proteger o planeta do calor do Sol".

Os autores advertem, porém, que o clima da Terra não iria retornar ao seu estado pré-industrial mesmo se o próprio aquecimento fosse atenuado conforme os defensores dessas técnicas alegam.

"É muito mais um tipo de 'engula seu próprio veneno'," disse John Fasullo, coautor do trabalho. "Se você não gosta do aquecimento, você pode reduzir a quantidade de luz solar que atinge a superfície [da Terra] e esfriar o clima. Mas, se você fizer isso, grandes reduções nas chuvas são inevitáveis. Não há nenhuma opção do tipo ganha-ganha aqui."

"Mais pesquisas poderão mostrar tanto as consequências positivas quanto as negativas para a sociedade de tais mudanças no ambiente," acrescentou Tilmes. "O que sabemos é que o nosso sistema climático é muito complexo, que a atividade humana está tornando a Terra mais quente e que qualquer solução tecnológica que possamos tentar para sombrear o planeta poderia ter consequências imprevisíveis."

Bibliografia:

Artigo: The hydrological impact of geoengineering in the Geoengineering Model Intercomparison Project
Autores: Simone Tilmes, John Fasullo, Jean-Francois Lamarque, Daniel R. Marsh, Michael Mills, Kari Alterskjær, Helene Muri, Jón E. Kristjánsson, Olivier Boucher, Michael Schulz, Jason N. S. Cole, Charles L. Curry, Andy Jones, Jim Haywood, Peter J. Irvine, Duoying Ji, John C. Moore, Diana B. Karam, Ben Kravitz, Philip J. Rasch, Balwinder Singh, Jin-Ho Yoon, Ulrike Niemeier, Hauke Schmidt, Alan Robock, Shuting Yang, Shingo Watanabe
Revista: Journal of Geophysical Research: Atmospheres
Vol.: 118 Issue 19, pages 11036–11058
DOI: 10.1002/jgrd.50868
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