Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/12/2008
Alta tecnologia e lesmas, à primeira vista, não parecem ter muito em comum. Mas o Dr. Eric Lauga não concorda com isso. Estudando as lesmas d'água, ele acredita ter descoberto uma nova forma de propulsão que não apenas ajudará a movimentar robôs, mas também que os permitirá andarem de cabeça para baixo em qualquer superfície e até mesmo sobre a água.
Tecnologias biônicas
As lesmas já serviram de inspiração para diversos robôs, naquilo que se chama biomimetismo - a aplicação de técnicas e soluções biológicas encontradas na natureza a problemas de engenharia.
Os cientistas das tecnologias biônicas acreditam que usar as soluções desenvolvidas pelos organismos vivos em equipamentos dos mais diversos tipos pode evitar um grande número de testes e avaliações porque a pressão evolucionária forçou os animais a se tornarem altamente otimizados e eficientes.
O segredo de andar sobre as águas
Foi esta constatação que fez com que o Dr. Lauga passasse a estudar as lesmas d'água em busca da resposta a uma constatação desafiadora: Como é que esses animais tão simples movimentam-se na água, em superfícies molhadas e até mesmo em inclinações totalmente negativas e de cabeça para baixo em superfícies totalmente irregulares?
Segundo ele, a resposta está nas ondas que esses animais criam no muco que eles expelem e sobre o qual se movimentam. São essas ondas que permitem que as lesmas d'água criem um arrasto que as permite movimentar-se sobre a superfície absolutamente lisa da água.
Nova forma de propulsão
As lesmas d'água "distorcem" a superfície macia e extremamente lisa da água de um lago aplicando forças sobre ela através do muco. Como elas são muito leves, não precisam fazer qualquer esforço para boiarem.
O detalhe mais impressionante dos resultados é que eles demonstram que as lesmas utilizam seu muco tanto como "adesivo", sobre o qual firmam seu pé para se movimentarem, já que a água não oferece o apoio encontrado no solo, quanto como lubrificante, permitindo-lhes deslizar suavemente sobre a própria superfície.
Os pesquisadores acreditam que podem criar mecanismos artificiais biomiméticos que criem distorções no mesmo padrão, o que permitirá que os robôs andem sobre superfícies lisas e mesmo sobre a água. "As lesmas d'água nos mostraram que isto é possível, então será possível projetar sistemas biomiméticos que tirem vantagem desse movimento," diz Lauga.