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Meio ambiente

Mapa mostra temperaturas dos últimos 11.000 verões e invernos da Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/01/2023

Mapa mostra temperaturas dos últimos 11.000 verões e invernos da Terra
As temperaturas de verão na Antártica aumentaram durante o início e meio do Holoceno, atingiram um pico há 4.100 anos e depois diminuíram até o presente. As temperaturas do inverno variaram menos no geral, mas também flutuaram no início do Holoceno, provavelmente devido a mudanças no transporte meridional de calor.
[Imagem: Tyler R. Jones et al. - 10.1038/s41586-022-05411-8]

Verões e invernos passados

Depois de analisar os mais profundos testemunhos de gelo já coletados na Antártida, uma equipe internacional de climatologistas revelou a visão mais detalhada da história climática recente do nosso planeta.

O resultado mais importante é um gráfico traçando as temperaturas de verão e de inverno dos últimos 11.000 anos, desde o início do que é conhecido como Holoceno, a época geológica atual (estamos no Holoceno, do período Quaternário, da era Cenozoica, do éon Fanerozoico).

Este é o primeiro registro de temperatura sazonal desse tipo já feita, de qualquer lugar do mundo.

"O objetivo da equipe de pesquisa era ultrapassar os limites do que é possível com as interpretações climáticas do passado e, para nós, isso significava tentar entender o clima nas escalas de tempo mais curtas, neste caso sazonalmente, do verão ao inverno, ano a ano, por muitos milhares de anos," disse Tyler Jones, da Universidade do Colorado em Boulder.

Esses dados mais detalhados sobre os padrões climáticos de longo prazo do passado fornecem uma linha de base importante para estudar os impactos das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem em nosso clima presente e futuro. Sabendo quais ciclos planetários ocorrem naturalmente e por quê, os pesquisadores podem identificar melhor a influência humana nas mudanças climáticas e seus impactos nas temperaturas globais.

"Esta pesquisa é algo com a qual os humanos podem realmente se relacionar, porque experimentamos parcialmente o mundo através da mudança das estações - documentar como as temperaturas de verão e inverno variam ao longo do tempo se traduz em como entendemos o clima," disse Jones.

Mapa mostra temperaturas dos últimos 11.000 verões e invernos da Terra
Apesar da maior disponibilidade e grande variabilidade dos dados mais recentes, estamos em um nível médio similar ao de 9.000 anos atrás.
[Imagem: Tyler R. Jones et al. - 10.1038/s41586-022-05411-8]

Explicação das eras do gelo

O estudo também validou um aspecto de uma teoria antiga sobre o clima da Terra, mas que não havia sido comprovada anteriormente: Como as temperaturas sazonais nas regiões polares respondem aos ciclos de Milankovitch.

O cientista sérvio Milutin Milankovitch [1879-1958] levantou a hipótese, há um século, de que os efeitos coletivos das mudanças na posição da Terra em relação ao Sol - devido a variações lentas de sua órbita e eixo - são um forte impulsionador do clima de longo prazo da Terra, incluindo o início e o fim das eras do gelo (antes de qualquer influência humana significativa no clima).

"Estou particularmente entusiasmado com o fato de o nosso resultado confirmar uma previsão fundamental da teoria usada para explicar os ciclos climáticos das eras glaciais da Terra: Que a intensidade da luz solar controla as temperaturas de verão nas regiões polares e, portanto, o derretimento do gelo também," disse Kurt Cuffey, na Universidade de Berkeley.

Mapa mostra temperaturas dos últimos 11.000 verões e invernos da Terra
Os gráficos servem de base para analisar a influência dos humanos no clima.
[Imagem: Tyler R. Jones et al. - 10.1038/s41586-022-05411-8]

Testemunhos de sondagem

O estudo se baseou na perfuração do Manto de Gelo da Antártida Ocidental, gerando um testemunho de gelo medindo 3.405 metros de comprimento por 12,2 centímetros de diâmetro, o que significa que a amostra continha dados de até 68.000 anos - testemunhos de sondagem são as partes extraídas por uma broca de perfuração oca.

O testemunho foi cuidadosamente cortado em seções menores, que puderam ser transportadas com segurança e armazenadas ou analisadas por vários laboratórios.

A atenção se voltou particularmente para as proporções de isótopos de água presentes no gelo. As razões entre as concentrações desses isótopos (elementos com o mesmo número de prótons, mas diferentes números de nêutrons) revelam dados sobre temperaturas passadas e circulação atmosférica, incluindo transições entre eras glaciais e períodos quentes no passado da Terra.

Para entender melhor a variabilidade climática do nosso planeta, o próximo passo da equipe será tentar interpretar com a mesma precisão núcleos de gelo coletados em outros lugares, como o Pólo Sul e o nordeste da Groenlândia, que já foram perfurados, o que significa que já há testemunhos de gelo disponíveis.

"Os humanos têm uma curiosidade fundamental sobre como o mundo funciona e o que aconteceu no passado, porque isso também pode fundamentar nossa compreensão do que pode acontecer no futuro," justificou Jones.

Bibliografia:

Artigo: Seasonal temperatures in West Antarctica during the Holocene
Autores: Tyler R. Jones, Kurt M. Cuffey, William H. G. Roberts, Bradley R. Markle, Eric J. Steig, C. Max Stevens, Paul J. Valdes, T. J. Fudge, Michael Sigl, Abigail G. Hughes, Valerie Morris, Bruce H. Vaughn, Joshua Garland, Bo M. Vinther, Kevin S. Rozmiarek, Chloe A. Brashear, James W. C. White
Revista: Nature
Vol.: 613, pages 292-297
DOI: 10.1038/s41586-022-05411-8
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