Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/01/2021
Dados astronômicos para minerar
A colaboração internacional DES (Dark Energy Survey, ou Pesquisa da Energia Escura) divulgou uma enorme coleção pública de dados astronômicos e imagens calibradas, resultados de seis anos de observações por um telescópio automatizado.
Contendo dados sobre quase 700 milhões de objetos astronômicos, este é o segundo lançamento de dados (DR2) na história de sete anos do DES - o DR1 continha 400 milhões de objetos.
Em termos básicos, os mapas permitem melhores estimativas da quantidade e da distribuição da matéria no Universo.
Mas o objetivo final é entender a taxa de expansão acelerada do Universo e o fenômeno da energia escura, que os cientistas acreditam ser responsável por essa expansão.
Pesquisadores de todo o mundo podem acessar esses dados inéditos e minerá-los para fazer novas descobertas sobre o Universo, complementares aos estudos que estão sendo realizados pela colaboração DES.
"Como os conjuntos de dados astronômicos hoje são tão vastos, o custo de manuseá-los é proibitivo para pesquisadores individuais ou para a maioria das organizações," disse Robert Nikutta, membro da colaboração. "O CSDC [Centro de Dados e Ciência Comunitária] fornece acesso aberto a grandes conjuntos de dados astronômicos, como o DES DR2, e as ferramentas necessárias para explorá-los e tirar proveito deles - então, tudo o que é necessário é alguém da comunidade com uma ideia inteligente para descobrir ciência nova e empolgante."
Resultados científicos
Juntamente com os dados, a equipe do DES anunciou também alguns avanços já feitos com este novo conjunto de dados.
Um dos primeiros resultados está relacionado à construção de um catálogo de estrelas variáveis RR Lira, que traz informações sobre a região do espaço além da borda da nossa Via Láctea. Nesta área quase desprovida de estrelas, o movimento das estrelas RR Lira sugere a presença de um enorme "halo" de matéria escura, que pode fornecer pistas de como nossa galáxia se estruturou nos últimos 12 bilhões de anos.
Em outro resultado, a equipe do DES usou o catálogo DR2, juntamente com os dados do experimento de ondas gravitacionais LIGO, para estimar a localização de uma fusão de buracos negros e, independentemente de outras técnicas, inferir um valor para a constante de Hubble, um parâmetro cosmológico essencial para o atual modelo do Universo.
E, combinando seus dados com outras observações, a equipe do DES gerou um mapa detalhado das galáxias anãs que são satélites da Via Láctea, oferecendo uma visão de como nossa própria galáxia foi montada e como ela se compara às previsões dos cosmologistas.