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Professora de robótica brasileira está entre as melhores do mundo

Com informações da Agência Brasil - 23/02/2019

Professora de robótica brasileira está entre as melhores do mundo
Débora Garofalo está entre os dez melhores professores do mundo, depois de levar um curso de robótica com sucata a mais de 2.000 crianças da periferia de São Paulo.
[Imagem: Arquivo pessoal/Direitos reservados]

Professora de primeira

Com um projeto de ensino de robótica com sucata para estudantes de escola pública, Débora Garofalo foi selecionada entre mais de 10 mil candidatos de várias nacionalidades e está entre os dez melhores professores do mundo.

A professora de Língua Portuguesa, que ensina tecnologia na periferia de São Paulo, é finalista no Global Teacher Prize 2019, prêmio internacional que reconhece métodos inovadores e criativos para lecionar e oferece prêmio de US$ 1 milhão.

Desde o início do projeto, em 2015, mais de uma tonelada de materiais recicláveis foram retirados das ruas da cidade e transformados em protótipos - produtos de um trabalho da fase de teste - na Escola Municipal Ensino Fundamental Almirante Ary Parreira, na Vila Babilônia, zona sul da capital paulista.

"O projeto de robótica com sucata nasceu da vontade de transformar a vida das crianças da periferia aqui da cidade de São Paulo. Eu sempre acreditei, como professora, que a educação só faz sentido se ela puder ser significativa e se ela puder ter esse caráter transformador.

"Eu queria trazer essa visão para as crianças de que a tecnologia é uma propulsora da aprendizagem e que, na educação básica, a gente podia então trabalhar esses conceitos. Só que eu não tinha nenhum material para começar e eu também não queria que esse ensino fosse limitado a um grupo de alunos", disse Débora.

Robótica com sucata

O sucesso do projeto trouxe grandes lições, de acordo com a professora. Uma delas é pensar em uma escola que não só produza mais conhecimento, mas que comece a contribuir com soluções locais.

Jovens de 6 a 14 anos aprendem sobre montagem de motor, circuitos e programação para, então, terem autonomia e pensarem no que vão construir. "Em um primeiro momento, a gente olha bem para esses materiais que a gente recolheu porque são materiais diversos e aí [os alunos] vão começar a pensar e estruturar o que eles gostariam de construir", contou.

Já foram construídos brinquedos, um pequeno semáforo, uma máquina de refrigerante, robôs, barata e aranha robóticas, além de soluções para questões práticas da vida. "Um aluno criou uma casa sustentável. Uma réplica da casa dele, mas totalmente sustentável, com energia solar, usando o Arduíno [microprocessador de código aberto] para ligar e desligar [a luz] em horários para fazer economia de energia. A gente vê que nasce um pouco de tudo, inclusive soluções para o dia a dia.

"O foco do nosso trabalho realmente é um trabalho sustentável, não é só ensinar robótica, é mostrar que a gente pode intervir nessa sociedade transformando esse material, reciclando, reutilizando. Quando a gente pensa no ensino de robótica, todo mundo fala 'precisa ter altos recursos para trabalhar robótica' e a gente quis também desmitificar isso, porque a robótica nada mais é do que você encontrar soluções, então trabalhar de forma sustentável foi uma das nossas soluções," disse a professora.

Método mão na massa

Débora considera que o método "mão na massa" - a aprendizagem criativa - é essencial para os estudantes. "Começou a se criar uma febre na escola porque uma criança foi seguindo o modelo da outra 'se ele conseguiu fazer, eu também posso fazer, então vou tentar também'. Isso foi mudando a cara da escola, então aos poucos os professores foram aderindo e o trabalho foi se tornando interdisciplinar, já que a gente trabalha com uma questão do lixo que dá pra abordar diversos aspectos".

A professora promove formação em todo país para outros professores sobre o ensino de robótica com sucata. "Nós só chegamos a essa etapa do prêmio justamente por ter esses dados comprobatórios que o trabalho é replicável, porque é uma das exigências do prêmio".

Ela destaca ainda a importância de que essa experiência possa se disseminar. "Nós não somos preparados para trabalhar com tecnologia, então é muito importante que o professor também vivencie, que seja prazeroso para o professor, porque só assim ele vai ter condições de replicar", finalizou.

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