Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/04/2008
Fazer com que um robô identifique um objeto não é uma tarefa fácil. Grandes progressos já foram feitos por meio da visão de máquina e da inteligência artificial. Um sistema computadorizado para uso em robôs já é capaz de reconhecer mais de 100 objetos diferentes.
Robôs utilitaristas
Contudo, o que é um grande feito para o campo emergente da "cognição robótica" parece-se mais com uma grande decepção quando o objetivo é o uso dos robôs no dia-a-dia, quando é necessário interagir com um número infinitamente superior de objetos.
Cientes dessas limitações, cientistas europeus resolveram adotar um enfoque diferente, mais utilitarista. Em vez de colocar o robô para se perguntar: "Que objeto é esse?", os pesquisadores resolveram mudar o enfoque e a pergunta para: "O que eu, um robô, posso fazer com isso?"
Affordance e propiciação
A nova abordagem é uma aplicação na robótica do conceito de affordance, desenvolvido por James J. Gibson. Affordance - que alguns psicólogos traduzem como propiciação - refere-se às possíveis interações entre um indivíduo e um objeto específico que é percebido por ele, moldando ou restringindo suas ações.
Enquanto um sistema de visão artificial detecta um objeto como uma cadeira, um sistema baseado no enfoque da propiciação irá definí-lo como algo destinado a se sentar. Da mesma forma poderá ser identificado qualquer objeto de certa altura e rigidez julgada suficiente para sustentar o peso da pessoa ou do robô.
Há muitas vantagens no enfoque da propiciação. Por exemplo, um robô será capaz de julgar se um objeto é leve ou pesado demais para ser erguido, ou ainda se determinado objeto pode ser utilizado para manter uma porta aberta.
Robô é capaz de improvisar
Os pesquisadores, reunidos no projeto MACS (Multi-sensory Autonomous Cognitive Systems), utilizaram um robô Kurt3D para demonstrar seu sistema, que inclui um módulo de percepção, um sistema de comportamento, módulos de execução de tarefas, planejamento e aprendizado e um repositório representativo de propiciações.
Os resultados foram encorajadores. O robô mostrou até mesmo uma certa capacidade de improvisação. Ele identificou objetos que podem ser pegos e levou-os até um local determinado e localizou espaços vazios que poderiam ser atravessados. O robô também localizou uma porta, que foi corretamente identificada como um local de passagem, abriu-a e passou por ela.
"Estes são os primeiros passos da nossa abordagem," explica o Dr. Erich Rome, coordenador do projeto. "De forma que estamos longe da comercialização. Há outros [pesquisadores] trabalhando nisso. Mas o que é único no projeto MACS é que nós introduzimos um suporte direto para o conceito de affordances em nossa arquitetura."
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