Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/06/2025
Coração da Terra batendo
Há anos os geólogos sabem que uma fenda está literalmente rachando a África, podendo criar um novo oceano e uma enorme ilha na região de Afar, estendendo-se da Etiópia até Uganda e talvez mais ao sul.
Agora, Emma Watts e colegas de várias universidades podem ter descoberto o mecanismo por trás dessa rachadura: Ondas rítmicas que pulsam no manto, muito parecidas com a pulsação de um coração.
Os resultados revelam que a região de Afar é sustentada por uma pluma de manto quente, que pulsa para cima como um coração batendo, fazendo rochas derretidas do manto subiram das profundezas da Terra até a superfície.
O fluxo ascendente de material quente do manto profundo é fortemente influenciado pelas placas tectônicas - as enormes placas sólidas da crosta terrestre - que se encontram acima dele. Ao longo de milhões de anos, à medida que as placas tectônicas se afastam em zonas de fenda - como Afar - elas se esticam e afinam até se romperem, criando uma estrutura geológica conhecida como rifte.
Na África, essa ruptura marca o nascimento de uma nova bacia oceânica, com parte da Etiópia tendendo a tornar-se uma ilha.
"Nós descobrimos que o manto abaixo de Afar não é uniforme nem estacionário - ele pulsa, e esses pulsos carregam assinaturas químicas distintas. Esses pulsos ascendentes do manto parcialmente derretido são canalizados pelas placas em rifte acima. Isso é importante para a forma como pensamos a interação entre o interior da Terra e sua superfície," disse Watts.
Entendendo a pulsação do manto
A região de Afar é um lugar raro na Terra onde três fendas tectônicas convergem: o Rifte Etíope Principal, o Rifte do Mar Vermelho e o Rifte do Golfo de Aden.
Os geólogos suspeitam há tempos que uma ressurgência quente do manto, chamada de pluma, se encontra abaixo da região, ajudando a impulsionar a expansão da crosta e o nascimento de uma futura bacia oceânica. Mas, até agora, pouco se sabia sobre a estrutura dessa ressurgência, ou como ela se comporta sob as placas em rifte.
A equipe coletou mais de 130 amostras de rochas vulcânicas da região de Afar e do Rifte Etíope Principal. Eles juntaram essas novas informações aos dados anteriormente coletados e fizeram uma modelagem estatística avançada, mostrando que, sob a região de Afar, há uma pluma única e assimétrica, com faixas químicas distintas que se repetem por todo o sistema de fendas, como códigos de barras geológicos. Esses padrões variam em espaçamento dependendo das condições tectônicas em cada braço de cada fenda.
"As listras químicas sugerem que a pluma está pulsando, como um batimento cardíaco. Esses pulsos parecem se comportar de forma diferente dependendo da espessura da placa e da velocidade com que ela se separa. Em fendas de expansão mais rápida, como o Mar Vermelho, os pulsos viajam com mais eficiência e regularidade, como um pulso através de uma artéria estreita," detalhou o professor Tom Gernon, da Universidade de Southampton.
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