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Sonda impressionista pintará fronteira invisível do Sistema Solar

Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/10/2008

Sonda impressionista pintará fronteira invisível do Sistema Solar

[Imagem: NASA]

Quando se tornaram os primeiros objetos construídos pelo homem a deixarem o Sistema Solar, as sondas espaciais Voyager 1 e 2 fizeram descobertas surpreendentes. Mesmo não sendo construídas para isso, e contando com instrumentos construídos há mais de 30 anos, elas detectaram uma onda de choque pulsante que parece desenhar uma fronteira entre o "interior" do Sistema Solar e o espaço exterior, chamado de espaço interestelar.

Heliosfera

O espaço entre os planetas não é vazio.

O Sol libera em todas as direções um fluxo constante de gás eletricamente carregado, um plasma que é conhecido como vento solar.

Esse gás, que viaja a uma velocidade de cerca de 1,6 milhão de quilômetros por hora, forma uma espécie de bolha de plasma em todo o espaço ao redor do Sol. Essa bolha é chamada heliosfera.

Choque de terminação

Além da órbita de Plutão, esse vento solar diminui gradualmente de velocidade ao interagir com os gases neutros que vêm do espaço interestelar em direção ao Sistema Solar.

Então, abruptamente, sua velocidade despenca, formando uma espécie de fronteira dessa bolha. Essa fina região é chamada de choque de terminação.

Explorador dos Limites Interestelares

Bem, pelo menos esta é a teoria.

Só que esta região nunca foi realmente "vista" ou medida.

É o que os cientistas esperam fazer pela primeira vez com a sonda espacial Ibex - Interstellar Boundary Explorer, ou Explorador dos Limites Interestelares.

A Ibex deverá ser lançada no próximo domingo, dia 19 de Outubro.

Sonda impressionista

E não teremos que esperar mais 30 anos para que ela chegue até lá. Em vez de seguir os rastros de uma das históricas sondas Voyager (cada uma delas foi para um lado do Sistema Solar), a Ibex tentará pintar um quadro da heliosfera como um pintor impressionista pinta um quadro a partir de incontáveis pequenas pinceladas.

Em vez de pinceladas de tinta, a Ibex fará sua própria pintura da fronteira do nosso Sistema Solar usando átomos. Ela possui dois sensores, um de cada lado.

Cada vez que um átomo energético neutro atingir um dos sensores, ele será gravado. Ao final de seis meses de coleta de dados, graças a um sofisticado e preciso mecanismo de rotação, os cientistas terão um quadro dos 360º da esfera celestial.

Átomos e campos magnéticos

Um átomo precisa estar carregado eletricamente para ser influenciado pelos campos magnéticos presentes no espaço.

Normalmente as cargas elétricas positivas na parte central do átomo, o núcleo, são equilibradas por um igual número de cargas elétricas negativas girando ao seu redor, os elétrons.

Neste caso, o átomo é eletricamente neutro e não responde aos campos magnéticos.

Contudo, algumas vezes um átomo ganha ou perde elétrons, transformando-se em um íon - um átomo eletricamente desbalanceado.

Os íons sofrem a ação dos campos magnéticos, podendo ser desviados ou acelerados por eles.

Átomos neutros energéticos

A maior parte dos íons que vêm do espaço interestelar são desviados pelo campo magnético do vento solar. Mas átomos neutros de baixa energia vindos do espaço interestelar também podem "marcar" prótons energéticos que estão girando ao redor das linhas magnéticas do vento solar.

Essa alteração cria os chamados átomos neutros energéticos (ENA: energetic neutral atoms). Como cargas opostas se atraem, um elétron salta de um átomo neutro para o próton positivamente carregado quando os dois passam muito próximo um do outro. O próton passa a ter um elétron para equilibrar sua carga e se torna um átomo neutro energético.

Os átomos neutros energéticos que estiverem apontando na direção da Terra no momento dessa troca de cargas são o alvo da sonda Ibex, que pretende capturá-los com seus dois sensores.

Pinceladas atômicas

Como os átomos neutros energéticos não são mais influenciados pelos campos magnéticos, eles continuarão viajando em direção à Terra em uma linha praticamente reta, sofrendo apenas uma leve deflexão pelo campo gravitacional do Sol.

Isto permitirá que a Ibex construa gradualmente um quadro da zona de choque de terminação utilizando suas "pinceladas atômicas" porque os cientistas acreditam que a maioria dos átomos neutros energéticos que vêm em direção à Terra originam-se do aquecimento do vento solar quando ele cruza o choque de terminação.

Agora é só esperar seis meses para que essa obra impressionista espacial esteja pronta e possamos ver pela primeira vez o aspecto dessa "bolha espacial" que envolve o nosso Sistema Solar.

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