Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/10/2025

Movimentos da galáxia
Há mais de um século sabemos que as estrelas da Via Láctea giram em torno do seu centro, e recentemente o telescópio espacial Gaia mediu suas velocidades e movimentos.
E sabemos mais. Desde a década de 1950 sabemos que o disco da Via Láctea é deformado. Então, em 2020, descobrimos que esse disco oscila com o tempo, semelhante ao movimento de um pião.
Agora, o mesmo telescópio Gaia descobriu que nossa galáxia também tem uma onda gigante ondulando para fora de seu centro.
Ainda que não tenhamos tecnologia para mandar uma nave espacial além da nossa galáxia, fotografando-a à distância, a visão excepcionalmente precisa do Gaia - em todas as três direções espaciais (3D) mais três velocidades (movendo-se em nossa direção e para longe de nós, e através do céu - está permitindo fazer mapas da Via Láctea de cima para baixo e de perfil. Foi quando a onda apareceu.
Essa onda cósmica, do tamanho da própria galáxia, interfere com o movimento das estrelas a distâncias de dezenas de milhares de anos-luz. Como uma pedra lançada em um lago, fazendo com que as ondas se espalhem para fora, essa onda galáctica de estrelas abrange uma grande parte do disco externo da Via Láctea.

Onda de estrelas
A nova imagem revela que o lado "esquerdo" da galáxia se curva para cima, e o lado "direito" se curva para baixo (esta é a deformação do disco). A onda recém-descoberta aparece em vermelho e azul na ilustração acima: nas áreas vermelhas, as estrelas estão acima, e nas áreas azuis, as estrelas estão abaixo do disco deformado da galáxia.
"O intrigante não é apenas a aparência visual da estrutura ondulatória no espaço tridimensional, mas também seu comportamento ondulatório quando analisamos os movimentos das estrelas dentro dela," comentou Eloisa Poggio, astrônoma do Instituto Nacional de Astrofísica, na Itália.
Os movimentos das estrelas são visíveis com as setas brancas na imagem lateral da Via Láctea acima. Note que o padrão ondulatório dos movimentos verticais (representado pelas setas) é ligeiramente deslocado horizontalmente em relação ao padrão ondulatório formado pelas posições verticais das estrelas (indicado pelas cores vermelho/azul).
"Esse comportamento observado é consistente com o que esperaríamos de uma onda," explicou Eloisa.
A equipe não se arrisca a dar uma explicação taxativa para a origem desses tremores galácticos, mas uma colisão com uma galáxia anã no passado remoto parece ser uma hipótese plausível.