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Universo não é simulação porque não pode ser descrito computacionalmente, dizem físicos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/11/2025

Não vivemos em uma Matrix porque Universo não pode ser descrito computacionalmente, dizem físicos
Não dá para escolher, defende a equipe: Vivemos em uma realidade que não cabe em uma simulação de computador.
[Imagem: ANIRUDH/Unsplash]

Sem pílula azul e nem vermelha

Lembra-se da nova lei da física que afirma que vivemos em uma simulação de computador, uma espécie de Matrix?

Pois agora Mir Faizal e colegas da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, afirmam ter "provado matematicamente" que não estamos dentro de uma Matrix, segundo eles porque "a natureza fundamental da realidade funciona de uma forma que nenhum computador jamais poderia simular".

A demonstração matemática feita pela equipe mostra que o Universo é construído sobre um tipo de compreensão que existe além do alcance de qualquer algoritmo, o tipo de "raciocínio" que pode ser implementado em linguagem computacional.

"Foi sugerido que o Universo poderia ser simulado. Se tal simulação fosse possível, o Universo simulado poderia dar origem à vida, que por sua vez poderia criar sua própria simulação. Essa possibilidade recursiva torna altamente improvável que nosso Universo seja o original, em vez de uma simulação aninhada dentro de outra simulação," contextualiza o professor Faizal. "Essa ideia já foi considerada inatingível para a investigação científica. No entanto, nossas pesquisas recentes demonstraram que ela pode, de fato, ser abordada cientificamente."

Não vivemos em uma Matrix porque Universo não pode ser descrito computacionalmente, dizem físicos
Para conhecer o argumento original, veja: Nova lei da física propõe: Vivemos em uma simulação de computador.
[Imagem: Pete Linforth/Pixabay]

O que é fundamental na natureza?

A pesquisa se baseia em uma propriedade da própria realidade, a de que tudo parece emergir de uma natureza mais fundamental: a informação pura. Curiosamente, é esta mesma física da informação, ou infodinâmica, que sugere que a realidade física é fundamentalmente composta de pedaços de informação, que vem sendo usada para defender que vivemos dentro de uma simulação computadorizada.

Saindo da matéria tangível, vista por Newton como flutuando no espaço, a teoria da relatividade de Einstein substituiu a mecânica newtoniana, trocando forças por deformações geométricas. A mecânica quântica transformou ainda mais nossa compreensão, com a atual busca por uma gravidade quântica sugerindo que nem mesmo o espaço e o tempo são fundamentais - em outras palavras, que a unidade fundamental do Universo não é onda e nem partícula, apenas a informação pura seria fundamental.

Essa informação existiria no que os físicos que a propõem chamam de reino platônico, um fundamento matemático mais real do que o Universo físico que experimentamos. Seria desse reino que o próprio espaço e o tempo emergiriam.

Este é o ponto de partida de Faizal e seus colegas.

Não vivemos em uma Matrix porque Universo não pode ser descrito computacionalmente, dizem físicos
Há também a Teoria do Construtor, que propõe que nosso Universo é metamórfico.
[Imagem: ESO]

Compreensão não algorítmica

A demonstração matemática feita pela equipe mostra que nem mesmo essa base informacional consegue descrever completamente a realidade. E, se a prova matemática feita por eles estiver completa, então isso significa que não é possível descrever o Universo usando apenas a computação.

Utilizando teoremas matemáticos que incluem o famoso teorema da incompletude de Kurt Godel (1906-1978), o trabalho mostra que uma descrição completa e consistente de tudo - e é necessário descrever "tudo" para criar uma Matrix - requer o que a equipe chama de "compreensão não algorítmica", uma compreensão que não decorre de nenhuma sequência de passos lógicos. Essas "verdades godelianas" seriam reais, mas impossíveis de serem provadas por meio de cálculos.

"Com base em teoremas matemáticos relacionados à incompletude e à indefinibilidade, demonstramos que uma descrição totalmente consistente e completa da realidade não pode ser alcançada apenas por meio da computação," explica o professor Faizal. "Ela exige uma compreensão não algorítmica, que, por definição, está além da computação algorítmica e, portanto, não pode ser simulada. Logo, este [nosso] Universo não pode ser uma simulação."

Não vivemos em uma Matrix porque Universo não pode ser descrito computacionalmente, dizem físicos
Para se manter atualizado sobre este assunto, preste atenção a uma área emergente de pesquisas chamada Teoria da Informação Quântica.
[Imagem: Gerado por IA/DALL-E]

Nada é fundamentalmente "definitivo"

Será esta a resposta "definitiva" para a questão?

É difícil prever, inclusive porque os próprios pesquisadores circunscrevem seu quadro teórico. "Nós demonstramos que é impossível descrever todos os aspectos da realidade física usando uma teoria computacional da gravidade quântica," detalha o professor Faizal. "É necessário um entendimento não algorítmico, que é mais fundamental do que as leis computacionais da gravidade quântica e, portanto, mais fundamental do que o próprio espaço-tempo."

De qualquer modo, o trabalho é importante porque a hipótese de que o Universo seria uma simulação computacional tem-se mantido marginal por ser considerada impossível de testar, ficando assim relegada à filosofia e até mesmo à ficção científica. Mas esta pesquisa a insere firmemente no domínio da matemática e da física.

Enquanto isso, outros pesquisadores já mostraram que há leis da física além dos poderes da matemática, de modo que seria difícil usar a própria matemática para definitivamente "provar" algo. E uma pesquisa ainda mais recente mostrou que um paradoxo matemático demonstra os limites da inteligência artificial.

Assim, trazidas agora para o solo mais seguro da ciência, as ideias de que o Universo é uma simulação de computador parecida com a do filme Matrix, ou que nosso Universo pode ser um gigantesco holograma, prometem continuar sendo um terreno fértil para novas abordagens criativas, que sempre vencem o "definitivo" das gerações anteriores.

Bibliografia:

Artigo: Consequences of Undecidability in Physics on the Theory of Everything
Autores: Mir Faizal, Lawrence M Krauss, Arshid Shabir, Francesco Marino
Revista: Journal of Holography Applications in Physics
DOI: 10.22128/jhap.2025.1024.1118
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