Agricultura flutuante: Plataformas artificiais economizam terra e tratam a água

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/10/2025

Terras flutuantes artificiais - ou construídas - envolvem o plantio de vegetação em balsas flutuantes.
[Imagem: CSIRO]

Agricultura flutuante

Plataformas flutuantes podem não apenas ser uma solução sustentável e econômica para o cultivo de produtos agrícolas, dispensando o avanço das áreas agrícolas rumo a áreas de preservação, como também pode melhorar a qualidade da água dos rios, lagos, represas e até de sistemas de águas residuais.

Esse conceito ainda pouco conhecido, de terras úmidas flutuantes artificiais ou construídos, envolve o plantio de vegetação em balsas flutuantes, imitando um ecossistema natural ao capturar nutrientes, sedimentos ou poluentes do corpo d'água hospedeiro. Outro ganho potencial está no controle da evaporação, diminuindo as perdas de água das represas durante os períodos de seca.

John Awad e colegas da Universidade Sul da Austrália analisaram 11 projetos de "terras úmidas flutuantes construídas" na Austrália, Canadá, EUA e Paquistão.

Os dados mostram que os custos de capital para terras úmidas flutuantes variaram de R$77,50 por metro quadrado até mais de R$ 13.300 por metro quadrado, dependendo do projeto, da localização e da finalidade. Os custos operacionais variaram de R$ 2,68 até R$ 965 por metro quadrado a cada ano.

"Áreas úmidas flutuantes imitam as funções dos ecossistemas naturais, filtrando nutrientes e poluentes através das raízes das plantas e comunidades microbianas," explicou o professor Awad. "Mas, até agora, havia dados limitados sobre o custo real de construção, manutenção e operação em larga escala. Nosso estudo mostra que, embora os custos variem, as áreas úmidas flutuantes podem ser competitivas com outras opções de tratamento de engenharia, especialmente para remoção de nitrogênio."

Em média, o custo de remoção de nitrogênio ficou entre R$ 52,85 e R$ 644,75 por quilograma - consistentemente mais barato do que remover fósforo, que variou de R$ 81,03 a R$ 17.542,14 por quilograma.

Vários fatores explicam uma variabilidade tão grande entre os projetos. "A escala importa," destacou Awad. "Áreas úmidas maiores reduziram o custo por quilograma de nutrientes removidos, tornando-as mais econômicas ao longo do tempo. O clima também desempenha um papel. Áreas úmidas em regiões mais quentes tiveram estações de cultivo mais longas e taxas de remoção de poluentes mais altas."

As terras agricultáveis artificiais apresentam forte interação com os cursos d'água onde são implantadas.
[Imagem: John Awad et al. - 10.1021/acsestwater.5c00439]

Opção de tratamento de água

Terras úmidas flutuantes estão sendo cada vez mais testadas para tratar águas residuais domésticas, águas pluviais e rios urbanos poluídos.

Embora o conceito seja pouco conhecido no Brasil, na Austrália há projetos tendo como alvo águas residuais e pluviais, enquanto projetos nos Estados Unidos incorporaram espaços comunitários, restauração ecológica e até calçadões flutuantes.

"Áreas úmidas flutuantes podem ser adaptadas a lagos e lagoas de águas pluviais existentes sem a necessidade de aquisição de terras dispendiosas," disse Simon Beecham, membro da equipe. "Elas também fornecem habitat para pássaros e vida aquática, melhoram a qualidade de vida urbana e podem até contribuir para o sequestro de carbono."

Os autores afirmam que as terras úmidas flutuantes não são uma solução milagrosa para todos os problemas, mas devem ser consideradas não apenas como opção de renda e modo de vida para pequenos agricultores, mas também como parte do conjunto de opções de tratamento de água das áreas urbanas.

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