Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/12/2025

Bambu transparente
As casas, edifícios e demais construções consomem cerca de 40% de toda a energia do mundo, ora em ar-condicionado, ora em aquecimento. E as janelas são de longe o elo mais fraco nessa cadeia termal - elas perdem calor no inverno e frio no verão.
Zhihan Li e colegas da Universidade Central Sul de Silvicultura e Tecnologia, na China, estão apresentando agora uma alternativa mais eficiente e ambientalmente amigável: Janelas transparentes feitas de bambu.
A janela biodegradável, feita dessa que é uma das plantas de crescimento mais rápido do planeta, comporta-se quase como uma pele viva, escurecendo quando está quente, para deixar o calor lá fora, e clareando quando está frio, deixando o calor externo entrar.
Já existem várias técnicas para tornar a madeira transparente. A equipe partiu de placas de bambu, já fabricadas industrialmente, mergulhando-as em ácido peracético a 60 °C por seis horas para dissolver a lignina, que absorve luz. Enquanto isso, a celulose e a hemicelulose, responsáveis pela sustentação estrutural da madeira, são preservadas. Em seguida, a manta delignificada é comprimida a 20 MPa a 35 °C, até que sua espessura diminua em 80%.
A placa resultante é mais densa (1,33 g/cm3) do que o bambu natural, mas mantém o alinhamento original das nanofibrilas, apresentando uma resistência à tração recorde de 870 MPa - isso é o triplo da resistência do bambu natural e superior a qualquer outro material de biomassa transparente relatado anteriormente.

Janela termoisolante para verão e inverno
Embora a remoção da lignina torne o material branco, a forte compactação da celulose eleva a transmissão de luz visível para 78%, com uma opacidade útil de 86%, suficiente para evitar o ofuscamento e uniformizar a iluminação interna.
O próximo passo consiste em dar propriedades termocrômicas à janela, ou seja, a capacidade de variar a transparência em reação ao calor. Isso é feito aplicando uma camada de 10 micrômetros de ácido polilático contendo partículas de 200 nm de tungstênio e óxido de óxido de vanádio (W-VO2).
A 20 °C, o revestimento transmite 42% da luz visível e 55% da luz infravermelha próxima; a 50 °C, o VO2 passa para uma fase metálica, reduzindo o ganho de calor solar em 9,7% sem comprometer a entrada de luz natural.
A avaliação do ciclo de vida feita pela equipe mostra que o bambu transparente tem capacidade para reduzir o potencial de aquecimento global em 35%, a formação de partículas em 46% e os indicadores de toxicidade humana entre 40 e 60% em comparação com o vidro comum, apresentando desempenho ainda superior ao do cimento Portland. Outra vantagem é a biodegradabilidade ao final da vida útil, o que permitirá a recuperação das partículas de W-VO2.
Os pesquisadores afirmam que o processo pode ser adotado em linhas de produção de painéis de bambu existentes e revestimento contínuo rolo a rolo, potencialmente fornecendo painéis de 2 m x 1 m a custos competitivos com o vidro de baixa emissividade, desde que a produção ultrapasse 10.000 m2 por ano.