Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/12/2025

Lente com músculos artificiais
Uma lente flexível, alimentada pela própria luz, abre novas possibilidades de aplicações biomédicas, sistemas de visão autônomos e para robótica flexível.
Inspirada na resposta do olho humano à luz, a lente imita a capacidade dos nossos olhos de refocalizar e se ajustar a diferentes condições de luminosidade.
A chave para isso são músculos artificiais ativados por luz, que esticam e encolhem para controlar a distância focal. Quando iluminados, esses músculos se contraem e esticam a lente, permitindo ajustes ópticos precisos sem a necessidade de componentes mecânicos, eletrônicos ou baterias.
Em testes de laboratório, Corey Zheng e Shu Jia, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, demonstraram que diferentes padrões de iluminação permitem controlar a distância focal da lente, seu movimento e até mesmo induzir aberrações ópticas específicas, abrindo a possibilidade de seu uso em tecnologias de óptica adaptativa.
E foi justamente essa capacidade adaptativa que permitiu capturar imagens de alta qualidade de objetos que variavam de células individuais a salas inteiras. O desempenho do sistema, tanto em termos de alcance de deslocamento focal quanto de resolução, foi comparável ao do olho humano.

Lente de hidrogel fotossensível
O elemento central do projeto é um hidrogel termossensível, um polímero fortemente absorvedor de água, comumente usado em lentes de contato. O hidrogel foi infundido com grafeno, que converte luz em calor, desencadeando mudanças de forma, o que faz com que o hidrogel funcione como um músculo artificial.
É essa propriedade que permite que a lente seja controlada remotamente, sem a necessidade de conexões com fio ou mesmo de baterias.
O fato de a lente de hidrogel fotossensível ser construída a partir de materiais macios e biocompatíveis abre caminho para aplicações onde lentes rígidas são impraticáveis, como robôs flexíveis e até dispositivos médicos que precisam interagir com os tecidos biológicos, embora o grafeno ainda seja uma preocupação nesse quesito.
Para demonstrar o potencial da lente biomimética, a equipe construiu um protótipo de câmera sem componentes eletrônicos, combinando uma lente flexível com um circuito de imagem baseado em líquido, alimentado por válvulas fotossensíveis para controlar o fluxo de fluido, em vez dos tradicionais fotodetectores eletrônicos. Essa inovação poderá ser usada em sistemas flexíveis passivos ou acionados quimicamente, possibilitando maior autonomia para os robôs biomiméticos, por exemplo.