Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/11/2025

Termodinâmica quântica
Há algum tempo sabemos que medir o tempo aumenta entropia do Universo.
Isso pode trazer alguma preocupação, já que, quanto mais entropia há no Universo, mais perto ele pode estar de sua eventual extinção.
Mas agora a mesma equipe demonstrou algo ainda mais curioso: O ato de medir o tempo não apenas aumenta a entropia do Universo, mas na verdade tem um custo de energia maior do que a própria marcação do tempo. Ao menos é assim quando falamos em temporizadores que funcionam no reino quântico - você também pode chamar esses temporizadores de relógios quânticos.
Os relógios - sejam baseados em pêndulos mecânicos, como os antigos carrilhões, ou osciladores atômicos, como nos atuais relógios atômicos - dependem de processos irreversíveis para marcar a passagem do tempo. Na escala quântica, onde processos desse tipo são fracos ou quase inexistentes, a medição do tempo torna-se muito mais desafiadora.
Contudo, para fabricarmos os muito esperados dispositivos quânticos de próxima geração - como sensores, sistemas de navegação e computadores quânticos - vamos precisar não apenas de uma medição muito precisa do tempo, mas também de relógios energeticamente eficientes, para que eles possam ser incorporados nesses dispositivos miniaturizados.
Mas, até agora, a termodinâmica dos relógios quânticos vinha sendo um mistério.

Onde nasce a seta do tempo?
Para tentar desvendar esse mistério, Vivek Wadhia e colegas de várias universidades europeias construíram um relógio microscópico, cujo oscilador é baseado em elétrons individuais saltando entre dois pontos quânticos duplos - cada salto representa como um "tique" do relógio.
Para detectar esses tiques, os pesquisadores usaram dois métodos: Um que mede minúsculas correntes elétricas e outro que usa ondas de rádio para detectar alterações no sistema. Em ambos os casos, os sensores convertem sinais quânticos (os saltos dos elétrons) em dados clássicos, que podemos registrar - é o que chamamos uma transição quântica-clássica.
Acontece que, ao calcular a entropia (a quantidade de energia dissipada) tanto do mecanismo do relógio quântico (isto é, do ponto quântico duplo) quanto do aparato de medição, os resultados revelaram que a energia necessária para ler o relógio quântico (isto é, para transformar seus minúsculos sinais em algo que possamos registrar) é até um bilhão de vezes maior do que a energia usada pelo próprio relógio.
Isso derruba a suposição de que o custo da medição na física quântica pode ser ignorado, além de colocar em evidência uma percepção surpreendente: É o próprio ato de observação que dá direção ao tempo, tornando-o irreversível.
"Nossos resultados sugerem que a entropia produzida pela amplificação e medição dos tiques de um relógio, frequentemente ignorada na literatura, é o custo termodinâmico mais importante e fundamental da cronometragem em escala quântica. O próximo passo é compreender os princípios que regem a eficiência em dispositivos em nanoescala, para que possamos projetar dispositivos autônomos que computem e marquem o tempo com muito mais eficiência, como faz a natureza," disse Wadhia.