Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/06/2019
Equipes de humanos contra equipes de robôs
A cooperação entre humanos e máquinas tem sido uma preocupação constante dos especialistas conforme a robótica e a inteligência artificial aproximam-se da convivência diária com os humanos.
O assunto é ainda mais premente no ambiente industrial, onde os robôs industriais deixam de ser apenas braços para ganharem pernas - ou rodas.
Por exemplo, enquanto os carros autônomos ainda estão em desenvolvimento e testes, empilhadeiras e até caminhões autônomos já se movem de forma automatizada dentro das fábricas, com ganhos de tempo e custo.
Mas é bom que essa separação entre o robótico e o humano comece a se transformar em uma interface, alerta Matthias Klumpp, da Universidade de Gottingen, na Alemanha, que analisou o assunto com um grupo de pesquisadores de várias disciplinas, incluindo administração de empresas, ciência da computação e sociologia do trabalho, além de membros da indústria.
Ao estudar processos industriais automatizados onde já estão operando robôs, a equipe descobriu que a cooperação entre operários humanos e robôs funciona muito melhor do que apenas equipes humanas ou equipes apenas de robôs.
Humanos no comando
A equipe simulou processos da logística de produção, como o fornecimento de materiais para uso nos setores automotivo e de engenharia. Uma equipe de motoristas humanos, uma equipe de robôs e uma equipe mista de humanos e robôs foram designados para as tarefas de transporte usando veículos.
Os resultados mostraram que a equipe mista de humanos e robôs venceu as outras duas equipes graças a uma coordenação mais eficiente, que também causou um menor número de acidentes.
Isso é bastante inesperado, uma vez que sistemas totalmente automatizados tipicamente apresentam os mais altos níveis de eficiência, graças sobretudo a uma interação precisa entre os robôs e à velocidade mais alta de operação. Ocorre que as máquinas precisam operar em conjunto com trabalhadores humanos de qualquer jeito, e elas nem sempre tomam as melhores decisões sobre quando operar, o que diminui sua eficiência e pode causar acidentes.
Assim, o grande responsável por aumentar eficiência da equipe mista foi justamente manter com os trabalhadores humanos o poder de decisão, definindo como e quando as máquinas devem operar ou parar.
Os pesquisadores concluem que, dados os potenciais ganhos de eficiência, as empresas devem prestar mais atenção aos seus funcionários quando se prepararem para implementar técnicas da automação e robotização dos processos produtivos.
"Isso traz um raio de esperança crucial ao considerar a eficiência em todas as discussões envolvendo automação e digitalização," disse Klumpp. "Haverá também muitos cenários e usos no futuro, onde equipes mistas de robôs e humanos serão superiores aos sistemas robóticos totalmente baseados em máquinas. No mínimo, os excessivos temores de perdas dramáticas de empregos não se justificam do nosso ponto de vista".