Microesferas utilizadas para transportar químicos no interior de chips

Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/02/2005

Os microlaboratórios, ou "lab-on-a-chip", são um dos melhores exemplos da multidisciplinaridade das descobertas científicas atuais. Utilizando os mesmos processos para a construção dos circuitos integrados e processadores de computadores, os engenheiros constroem dispositivos que são verdadeiros laboratórios que cabem na ponta de um dedo. Essas pesquisas criaram um novo campo de pesquisas, chamado microfluídica.

Além de ser uma importante ferramenta para a microfabricação - a produção de compostos químicos em escala minúscula - os microlaboratórios já têm uso na fabricação de medicamentos, nas pesquisas genéticas, no sensoriamento de substâncias e na detecção de contaminantes, apenas para citar alguns exemplos.

Agora pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, fizeram uma descoberta que pode tanto ser um novo enfoque para o funcionamento desses microlaboratórios, quanto uma ferramenta adicional nos microlaboratórios do tipo chip.

O professor Orlin Velev e seus estudantes Jeffrey R. Millman, Ketan H. Bhatt e Brian G. Prevo conseguiram construir minúsculas esferas anisotrópicas - partículas que possuem camadas com diferentes propriedades. Colocadas no interior de um microlaboratório, ou simplesmente em um solução oleosa, essas partículas podem ser guiadas por impulsos elétricos, indo desempenhar suas funções físico-químicas nos locais exatos onde o processo exigir.

Algumas esferas se parecem com globos oculares, mas são, na verdade, feitas de látex e pequenas partículas de ouro. Outras se parecem com bolhas de bilhar, mas são bolhas de látex colorido com inclusões de ouro e sílica.

"Nós estamos tentando diminuir a microfabricação criando chips microfluídicos especiais que podem servir como fábricas microscópicas," afirmou o professor Velev. "Todo tipo de material particulado - condutores de eletricidade, magnéticos, poliméricos, metálicos, fluorescentes - podem ser combinados para aplicações de alta tecnologia."

As microesferas servem para transportar microbolhas de qualquer elemento químico que deva ser utilizado na reação que se quer promover. "O 'globo ocular' e as esferas listradas podem ser utilizadas em papel eletrônico e como etiquetas de código de barras em pesquisas ambientais e biológicas, assim como em aplicação avançada de medicamentos e tratamentos localizados," explicou o Dr. Velev.

Um artigo descrevendo a descoberta foi publicado na edição de janeiro da revista Nature Materials.