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Eletrônica

Um buraco de fechadura que deixa ver o invisível em 3D

Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/10/2025

Um buraco de fechadura que deixa ver o invisível em 3D
Um laser é usado para formar um pequeno "furo óptico" dentro de um cristal, que transforma a imagem infravermelha em uma imagem visível, que uma câmera tradicional então registra.
[Imagem: Kun Huang/ECNU]

Câmera pinhole

Pesquisadores utilizaram a ideia centenária da câmera escura para criar um sistema de imagem de infravermelho de alto desempenho sem lentes. A nova câmera consegue capturar imagens extremamente nítidas em uma ampla faixa de distâncias e com pouca luz, tornando-a útil para situações onde as câmeras tradicionais de visão noturna não funcionam.

A câmera escura, ou câmera estenopeica, não possui lente, capturando a luz através de um único orifício - por isso ela é também conhecida por seu nome em inglês, câmera pinhole (furo de alfinete).

O truque agora consistiu em dar um toque de alta tecnologia a esse coneito, usando um material quântico inovador para capturar imagens no espectro infravermelho. Em vez de um furo no sentido literal, o novo sistema usa a própria luz para formar um pequeno "furo óptico" dentro de um cristal, que se torna o aparato responsável por transformar a imagem infravermelha em visível.

"Muitos sinais úteis estão no infravermelho médio, como calor e impressões digitais moleculares, mas câmeras que trabalham nesses comprimentos de onda costumam ser ruidosas, caras ou exigirem resfriamento," explicou o professor Heping Zeng, da Universidade Normal da China Oriental. "Além disso, as configurações tradicionais baseadas em lentes têm profundidade de campo limitada e exigem um projeto cuidadoso para minimizar distorções ópticas. Nós desenvolvemos uma abordagem de alta sensibilidade, sem lentes, que oferece profundidade de campo e campo de visão muito maiores do que outros sistemas."

Usando sua configuração, a equipe obteve imagens nítidas no infravermelho médio com profundidade de campo de mais de 35 cm e campo de visão de mais de 6 cm. Eles também conseguiram usar o sistema para obter imagens 3D.

"Essa abordagem pode aprimorar a segurança noturna, o controle de qualidade industrial e o monitoramento ambiental," disse o pesquisador Kun Huang. "E, como utiliza óptica mais simples e sensores de silício padrão, ela pode eventualmente tornar os sistemas de imagem infravermelha mais acessíveis, portáteis e energeticamente eficientes. Ela pode até ser aplicada a outras bandas espectrais, como os comprimentos de onda do infravermelho distante ou terahertz, onde as lentes são difíceis de fabricar ou apresentam baixo desempenho."

Um buraco de fechadura que deixa ver o invisível em 3D
A luz do laser de bombeamento dentro do cristal não linear é equivalente à abertura óptica - algo como o obturador da câmera.
[Imagem: Yanan Li et al. - 10.1364/OPTICA.566042]

Câmeras de orifício reinventadas

A imagem pinhole é um dos métodos mais antigos de produção de imagens, descrito pela primeira vez pelo filósofo chinês Mozi, no século IV a.C.

Uma câmera escura tradicional funciona deixando a luz passar por um pequeno orifício em uma caixa à prova de luz, projetando uma imagem invertida da cena externa na superfície oposta interna. Ao contrário da imagem baseada em lentes, a imagem de orifício evita distorções, tem profundidade de campo infinita e funciona em uma ampla faixa de comprimentos de onda.

Para trazer essas vantagens a um sistema moderno de imagem infravermelha, os pesquisadores usaram um forte laser para formar um buraco óptico - uma abertura artificial, e não um buraco físico - dentro de um cristal não linear. Devido às suas propriedades ópticas especiais, o cristal de niobato de lítio converte a imagem infravermelha em luz visível, permitindo que uma câmera digital comum a capture - o processo físico envolvido é conhecido como conversão ascendente da luz.

Após constatarem que furo de agulha com um raio óptico de cerca de 0,20 mm produzia detalhes nítidos e bem definidos, os pesquisadores usaram esse tamanho de abertura para obter imagens de alvos a 11 cm, 15 cm e 19 cm de distância. São imagens nítidas no comprimento de onda do infravermelho médio de 3,07 µm, em todas as distâncias, confirmando uma ampla faixa de profundidade. A nitidez das imagens se manteve mesmo com objetos posicionados a até 35 cm de distância, demonstrando uma grande profundidade de campo.

Um buraco de fechadura que deixa ver o invisível em 3D
Exemplo de imagem 3D - lembre-se que é uma câmera de visão noturna - gerada durante os testes.
[Imagem: Yanan Li et al. - 10.1364/OPTICA.566042]

Imagem 3D

Finalmente, os pesquisadores usaram sua câmera para gerar imagens 3D, incluidno imagens 3D em tempo de voo. A demonstração envolveu fotos de um coelho de cerâmica fosca coletadas usando pulsos ultrarrápidos sincronizados como porta óptica, o que permitiu reconstruir a forma 3D com precisão axial de nível micrométrico. Mesmo quando a entrada foi reduzida para cerca de 1,5 fóton por pulso - simulando condições de luminosidade muito baixa - o método ainda produziu imagens 3D após a redução de ruído baseada em correlação.

Os pesquisadores reconhecem que o sistema de imagem pinhole não linear no infravermelho médio ainda é uma prova de conceito que requer uma configuração de laser relativamente complexa e volumosa. No entanto, à medida que novos materiais não lineares e fontes de luz integradas são desenvolvidos, a tecnologia deve se tornar muito mais compacta e fácil de implementar. Eles já estão trabalhando para tornar o sistema mais rápido, mais sensível e adaptável a diferentes cenários de imagem.

Bibliografia:

Artigo: Mid-infrared nonlinear pinhole imaging
Autores: Yanan Li, Kun Huang, Jianan Fang, zhuohang wei, Heping Zeng
Revista: Optica
DOI: 10.1364/OPTICA.566042
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