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Começa disputa pela primeira fábrica brasileira de chips

Thiago Romero - Agência FAPESP - 21/01/2008

Começa disputa pela primeira fábrica brasileira de chips
Modelo de chip com memória ferroelétrica desenvolvido pelo CMDMC.
[Imagem: CMDMC]

Depois do anúncio feito nesta semana pelos dirigentes da empresa norte-americana Symetrix Corporation, da construção de uma fábrica de semicondutores no Brasil, a dúvida que restou é em qual região ela será instalada. Os estados candidatos são Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

Suporte de pesquisas

O projeto do empreendimento foi divulgado pelo diretor e co-fundador da empresa de alta tecnologia, o brasileiro Carlos Paz de Araujo, e por outros dirigentes, em cerimônia na capital federal que contou com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Resende.

Na ocasião, Araujo, que é professor na Universidade do Colorado (EUA), disse que contará, nas atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da indústria, com o suporte do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), vinculado ao Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara.

Semicondutores ferroelétricos

Trata-se da primeira indústria voltada para a fabricação de semicondutores ferroelétricos da América Latina. Os investimentos previstos são da ordem de US$ 1 bilhão, por meio de uma parceria da Symetrix, um grupo de empresários estrangeiros, com a Panasonic. Estima-se que serão gerados pelo menos 700 empregos diretos.

O investimento permitirá a produção de chips de memória para os chamados "cartões inteligentes", que têm aplicações variáveis, como a utilização em movimentações bancárias de entidades financeiras, bilhetes para o transporte público, documentos e até para a telefonia celular e TV digital.

Interesse paulista

Presentes à cerimônia em Brasília, José Arana Varela e Élson Longo, diretores do CMDMC, defendem a instalação da fábrica da Symetrix em São Paulo. "A maior vantagem estratégica do estado é a proximidade que a fábrica teria com a mão-de-obra qualificada das centenas de mestres e doutores formados anualmente pelas universidades paulistas", disse José Arana Varela, pró-reitor de Pesquisa da Unesp, à Agência FAPESP. "Sem contar que São Paulo reúne os principais grupos de pesquisa que trabalham com materiais ferroelétricos", aponta.

"Estamos falando de um investimento total, em um período de dois ou três anos, de cerca de US$ 1 bilhão, em uma fábrica que vai produzir para o mercado nacional e estrangeiro. Mas infelizmente ainda não houve grandes contatos da administração pública paulista com os dirigentes da empresa. Precisamos chamar a atenção das autoridades de São Paulo de que essa é uma possibilidade próxima e real", disse o também professor do Instituto de Química de Araraquara da Unesp.

Transferência de tecnologia

Segundo Varela, há pouco mais de um ano, Carlos Paz de Araujo o procurou para fazer uma consulta sobre a instalação de um empreendimento dessa natureza no Brasil. "Naquela época ele já havia dito que iria precisar de nosso apoio acadêmico para a transferência de tecnologias, treinamento de pessoal e indicação de recursos humanos para ocupar os cargos de pesquisa e desenvolvimento na indústria. O projeto avançou de tal modo que hoje eles inclusive já iriam definir os nomes de alguns diretores que irão liderar a indústria aqui no Brasil", disse.

Memórias FeRAM

Calcula-se que a tecnologia de memória ferroelétrica (FeRAM) possa ser lida e escrita por cerca de cem trilhões de vezes, enquanto a memória magnética de um cartão comum só suporta algumas dezenas de milhares de vezes. "Esses cartões ferroelétricos têm duração indefinida, a não ser que ele seja quebrado ou perdido. Nele será possível guardar muito mais informação em um espaço bem menor", compara Varela.

Fluminenses saem na frente

Élson Longo, diretor-geral do CMDMC, afirma que, com o anúncio da fábrica no Brasil, iniciou-se uma corrida por parte dos dirigentes governamentais e da comunidade científica de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco para a instalação em seus respectivos estados.

"É possível que nos próximos dias um protocolo de intenções seja assinado entre a Symetrix e o governo do Rio de Janeiro, estado que já deu um passo à frente. A eventual instalação no estado fluminense não impediria as atividades do CMDMC na fábrica. Mas os pesquisadores e o poder público de São Paulo precisam se mobilizar para que ela possa ser construída aqui", disse Longo à Agência FAPESP.

Isenta de impostos

A instalação da indústria se beneficiará de um decreto presidencial relacionado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Ciência e Tecnologia, que isenta de todos os impostos federais as empresas do setor de semicondutores, uma das quatro prioridades da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce) do governo federal.

A Symetrix Corporation foi fundada em 1986 na cidade de Colorado Springs, nos Estados Unidos. A empresa tem mais de 180 patentes na área de microeletrônica e as licencia para fabricantes no Japão, Coréia, Europa e Estados Unidos.

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