Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/08/2025
Quebrando a conexão quântica
Pesquisadores descobriram uma maneira incrivelmente simples para reduzir drasticamente o ruído que perturba partículas minúsculas, incluindo aquelas usadas para funcionar como qubits dos computadores quânticos.
Quando adentramos no reino quântico, observar uma partícula não é um ato passivo, algo conhecido como efeito do observador: mesmo os fótons da luz usados para observar o objeto perturbam seu movimento, alterando coisas como sua posição e velocidade. Essa perturbação é conhecida como ruído de retroação quântica e limita a precisão com que conseguimos observar ou controlar esses sistemas.
Rafal Gajewski e James Bateman, da Universidade de Swansea, no Reino Unido, descobriram agora uma conexão notável: Esse relacionamento funciona nos dois sentidos, o que abriu o caminho para anulá-lo.
"Nosso trabalho mostrou que, se você puder criar condições nas quais a medição se torna impossível, a perturbação também desaparece," explicou Gajewski. "Usando um espelho hemisférico com a partícula no centro, descobrimos que, sob condições específicas, a partícula se torna idêntica à sua imagem no espelho. Quando isso acontece, não é possível extrair informações de posição da luz espalhada e, ao mesmo tempo, a retroação quântica desaparece."
Escondendo a partícula do observador
O principal cenário envolve situações em que é necessário usar a luz de um laser para medir, aprisionar ou levitar uma partícula. Embora exista um ponto de quase equilíbrio, conhecido como limite de Heisenberg, que permite emitir luz o suficiente para fazer a medição com o mínimo de impacto sobre a partícula, esse "mínimo" ainda é significativo e limita muito a precisão - não dá para ficar no limite de Heisenberg e fazer uma partícula levitar, por exemplo.
O truque desenvolvido pela dupla evita esse problema bloqueando o fluxo de informações que sai da partícula quântica. Isso poderá ser feito colocando a partícula no centro de um espelho hemisférico, com um raio bem calculado. Durante a operação, a luz recebida e refletida pela partícula vão interferir uma com a outra, uma interferência destrutiva que não permitirá que a luz que sai leve consigo qualquer informação sobre a posição da partícula.
Na prática, é como tornar a partícula invisível para o observador, anulando o efeito do observador.
"Este trabalho revela algo fundamental sobre a relação entre informação e perturbação na mecânica quântica. O que é particularmente surpreendente é que a reação reversa desaparece precisamente quando o espalhamento de luz é maximizado - o oposto do que a intuição poderia sugerir," detalhou Bateman. "Ao projetar o ambiente ao redor de um objeto quântico, podemos controlar quais informações estão disponíveis sobre ele e, portanto, controlar o ruído quântico que ele experimenta. Isso abre novas possibilidades para experimentos quânticos e medições potencialmente mais sensíveis."
Usos práticos
Tornar tudo isso prático exigirá agora o desenvolvimento de espelhos com uma superfície reflexiva quase perfeita, além de serem pouco afetados pelo calor do laser.
Mas valerá a pena. A equipe listou algumas das possibilidades que seu aparato permitirá:
Quando construído, o aparato poderá ser particularmente importante para projetos como o MAQRO (Macroscopic Quantum Resonators: Ressonadores quânticos macroscópicos), uma futura missão espacial que pretende testar a física quântica com objetos maiores do que nunca.
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