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Empregos dos sonhos dos jovens correm risco de não existir no futuro, diz OCDE

Com informações da BBC - 22/01/2020

Empregos dos sonhos dos jovens correm risco de não existir no futuro, diz OCDE
Vários estudos têm indicado que está em curso uma transformação radical dos trabalhos e dos empregos.
[Imagem: CC0 Creative Commons]

Descasamento escola-emprego

Os jovens do mundo têm, em média, mais anos de estudo do que qualquer geração que veio antes deles. E, no entanto, eles vêm tendo grande dificuldade em se inserir no mercado de trabalho e em conciliar o que aprendem na escola com o que é esperado do ambiente profissional.

Além disso, uma parcela considerável desses jovens sonha com profissões que correm o risco de não existir no futuro: essas ocupações podem ser automatizadas pelo avanço da tecnologia.

Esta avaliação é o ponto de partida do relatório Emprego dos Sonhos?, lançado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) durante o Fórum Econômico Mundial, trazendo dados sobre aspirações profissionais futuras de cerca de 600 mil jovens de 15 anos em 79 países e territórios, entre eles o Brasil.

As entrevistas com os jovens foram feitas em 2018, durante a aplicação do Pisa, exame internacional que mede o desempenho de estudantes em matemática, leitura e ciências.

O que a pesquisa identificou é que a maioria dos jovens sonha com um número limitado de carreiras, bastante parecidas às citadas por jovens entrevistados na mesma pesquisa oito anos antes, durante o Pisa 2000.

Empregos dos sonhos dos jovens

Para meninos, na média, as ocupações dos sonhos mais citadas são, nesta ordem: engenheiro, administrador de empresas, médico, profissional de TI, atleta, professor, policial, mecânico de veículos, advogado e arquiteto.

Para meninas, as ocupações mais citadas são médica, professora, administradora de empresas, advogada, enfermeira ou parteira, psicóloga, designer, veterinária, policial e arquiteta.

No Brasil - onde 11 mil alunos participaram do Pisa -, 70% das meninas e 60% dos meninos sonham com as mesmas dez carreiras, semelhantes às citadas acima.

Para a OCDE, há ao menos duas questões importantes a serem debatidas: será que essas aspirações vão refletir as necessidades do ambiente profissional do futuro? E será que os jovens - principalmente os de baixa renda - estão recebendo a educação e a orientação corretas para fazer boas escolhas para seu futuro profissional?

"Enquanto o mundo passou por grandes mudanças desde o Pisa 2000, os resultados mostram que as expectativas de carreiras dos jovens mudaram pouco desde então", diz o relatório da OCDE. "Ficaram, inclusive, mais concentrados em menos ocupações. Na pesquisa de 2018, 47% dos meninos e 53% das meninas de 41 países e economias (os que também participaram do Pisa 2000) dizem que esperam trabalhar em um dos dez trabalhos mais citados quando chegarem aos 30 anos."

Carreiras com risco de desaparecer

A maioria das carreiras nas áreas médicas e sociais tendem a ter baixo risco de serem substituídas por máquinas no curto prazo, diz a entidade.

No entanto, para além de alguns dos trabalhos mais cobiçados, "muitos jovens selecionaram (em suas aspirações) trabalhos que correm alto risco de automação," aponta o estudo da OCDE. "No total, 39% dos trabalhos citados pelos participantes do Pisa, em média pelos países da OCDE, correm o risco de serem automatizados ao longo dos próximos cinco ou dez anos."

Esse risco varia de país para país e também é influenciado pela educação e pelo nível socioeconômico dos trabalhadores: quanto mais baixo for esse nível, maior é o risco de eles terem seus empregos substituídos por computadores ou pela inteligência artificial.

Embora o relatório da OCDE não detalhe quais profissões escolhidas por jovens estão mais sob risco de automação, pesquisas prévias já haviam se debruçado nesse assunto.

O relatório Futuro do Emprego 2018, do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), lista funções que tendem a se tornar cada vez mais "redundantes" à presença da inteligência artificial e, portanto, correm o risco de serem substituídas por robôs, drones ou algoritmos. Entre essas funções estão: advogados, contadores, mecânicos, motoristas de veículos, bancários, trabalhadores fabris, auditores, gerentes administrativos e caixas de lojas.

Quase 50% das empresas entrevistadas pelo Fórum Econômico Mundial preveem que a automação provocará demissões de seus empregados até 2022. Ao mesmo tempo, 38% delas esperam contratar mais gente para funções que elevem sua produtividade, gerando outro tipo de emprego com exigências de outro tipo de qualificação.

Empregos para o futuro

Os empregos considerados em ascensão pelo relatório do WEF são analistas e cientistas de dados, especialistas em TI ou megadados (Big Data), desenvolvedores de softwares, especialistas em redes sociais e comércio digital, entre outros.

De volta ao relatório da OCDE, a entidade conclui que parece haver uma desconexão entre o que os jovens de agora anteveem para seu futuro profissional e o que encontrarão, de fato, ao procurarem emprego, em um futuro próximo.

"Parece que os sinais do mercado profissional não estão conseguindo alcançar os mais jovens: empregos acessíveis e bem remunerados não parecem captar a imaginação dos adolescentes", diz a organização. "Muitos jovens, particularmente meninos de origem desvantajosa (socioeconomicamente), querem empregos que correm alto risco de automação."

É possível, diz o relatório, que esses meninos sequer tenham tido qualquer contato, ao longo de sua vida escolar, com informações a respeito de como encaixar suas ambições pessoais no ambiente profissional do futuro. "Estudantes não conseguem ser algo que eles sequer conseguem ver", diz o texto.

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