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Mapa revela cadeia de montanhas escondida na Antártida

Jonathan Amos - BBC - 22/12/2009

Mapa revela cadeia de montanhas escondida na Antártida
O mapa das montanhas Gamburtsev mostra que elas são lineares, tendo se originado provavelmente da colisão de placas tectônicas.
[Imagem: Michael Studinger/LDEO]

Cordilheira escondida

Cientistas que mapearam as mais enigmáticas cadeias de montanhas da Terra anunciaram algumas de suas descobertas em uma conferência realizada esta semana nos Estados Unidos.

A equipe internacional de pesquisadores passou dois meses entre 2008 e 2009 estudando as montanhas Gamburtsevs, uma cordilheira com picos que ultrapassam os 2.500 metros de altitude escondida sob a neve na Antártida.

Longa e rugosa

Os especialistas revelaram, por exemplo, que o contorno das montanhas é mais rugoso do que se acreditava, e que elas estão agrupadas de forma linear, ao contrário do que se pensava.

A formação linear é importante porque indica a possível origem das montanhas, cuja existência intriga cientistas desde que a cordilheira foi descoberta por pesquisadores soviéticos há 50 anos.

Um dos integrantes da equipe, o cientista Michael Studinger, do Lamont-Doherty Earth Observatory (LDEO) da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, disse que a estrutura linear torna as Gamburtsevs comparáveis aos Alpes ou aos Montes Apalaches.

"São cadeias de montanhas que se formaram pela colisão de placas tectônicas", disse Studinger à BBC.

O especialista fez suas declarações durante o encontro de outono da União Geofísica Americana, em São Francisco, na Califórnia.

Ele enfatizou que a análise das informações coletadas ainda é bastante incipiente e que uma avaliação final deverá ser publicada mais adiante.

Segredos sob o gelo

Quando foram detectadas em 1957 pelos soviéticos, as montanhas surpreenderam a comunidade científica internacional porque, até aquele período, acreditava-se que a superfície rochosa no centro do continente antártico era relativamente plana.

A cordilheira tem despertado o fascínio de cientistas desde então, porque acredita-se que, há 30 milhões de anos, ela tenha sido um ponto que originou as gigantescas camadas de neve que hoje cobrem a Antártida.

Ou seja, se as montanhas não estivessem ali, no meio do continente antártico, o lençol de gelo que existe no local talvez não tivesse se formado da maneira como ocorreu.

Clima de outro mundo

Estudar as Gamburtsevs, no entanto, é extremamente difícil. As temperaturas no local podem cair abaixo de - 80ºC.

Para este estudo, duas aeronaves Twin-Otter sobrevoaram os picos escondidos sob a neve, percorrendo um total de 120 mil km.

Elas coletaram informações sobre a espessura do gelo, obtiveram imagens feitas por radar da base rochosa submersa e das diferentes camadas de gelo que a encobrem e ainda fizeram um mapa da superfície gelada com um equipamento a laser.

"Chegamos a um ponto no processamento das informações que nos permite iniciar o trabalho científico com os dados", disse Studinger.

Evolução climática do planeta

A camada de gelo que cobre as montanhas varia entre algumas centenas de metros, nos pontos menos espessos, até cerca de 4.800 metros.

A análise dos dados revela também um perfil rugoso com altos picos e vales profundos, escavados por rios e gelo em um passado longínquo.

Estudar o que aconteceu nesses vales pode trazer pistas sobre quão rapidamente as Gamburtsevs foram encobertas pelo gelo - e sobre a evolução climática do planeta.

Os dados indicam ainda que existem bolsões de água na base do gelo.

"Estamos entusiasmados com a ideia de usar essas informações para ver como os vales escavados pelos rios e depois cobertos pelo gelo estão agora conduzindo a água sob o lençol de gelo", disse Robin Bell, outro integrante do LDEO.

Outro pesquisador, Fausto Ferraccioli, do centro de pesquisas British Antarctic Survey, disse que é possível que os cientistas encontrem um ponto onde o gelo possa ser perfurado para que se obtenham informações sobre o clima da Antártida há milhões de anos.

"Pode existir gelo mais antigo do que 1,2 milhões de anos - entre 1,2 e 1,5 milhões", disse Ferraccioli à BBC News.

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