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Energia

Nova fonte de luz é criada com nanocristais de terras raras

Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/12/2025

Nanocristais de terras raras viram nova fonte de luz
Os frascos contêm nanocristais dopados com diferentes elementos de terras raras, mostrando a luminescência característica da nova fonte de luz.
[Imagem: National University of Singapore]

Nova fonte de luz

Cientistas conseguiram algo que parecia impossível: Fazer um cristal eletricamente isolante emitir luz quando é submetido a uma corrente elétrica.

O material de pesquisa é bem famoso, cristais de terras raras, só que reduzidos a dimensões nanoscópicas. Esses nanocristais de lantanídeos são quimicamente muito estáveis, o que os torna atraentes para inúmeras pesquisas, incluindo a emissão de luz, mas eles também são notoriamente resistentes à excitação elétrica, já que são isolantes.

O que Jing Tan e colegas de universidades de Cingapura, China e Hong Kong queriam era ativar nesses nanocristais o fenômeno da eletroluminescência, a conversão direta de eletricidade em luz.

Apesar do sucesso dos LEDs orgânicos e dos pontos quânticos, que já equipam telas e outras fontes de iluminação, os pesquisadores continuam em busca de solução mais versáteis, que combinem capacidade de ajuste da cor, eficiência de conversão eletricidade/luz e durabilidade.

Os nanocristais de lantanídeos pareciam promissores, ao menos teoricamente, mas antes era preciso convencê-los a conduzir eletricidade e emitir luz. Foram necessários quase quinze anos de trabalho para isso.

Nanocristais de terras raras viram nova fonte de luz
Foi uma autêntica nanoengenharia para tornar os cristais emissores de luz.
[Imagem: Jing Tan et al. - 10.1038/s41586-025-09717-1]

Nanocristais de lantanídeos emissores de luz

A ideia que deu origem a esta descoberta surgiu em 2011, quando a equipe do professor Liu Xiaogang, da Universidade Nacional de Cingapura, forçou um monte de eletricidade através de um nanocristal de lantanídeo e observou uma tênue emissão de luz. "Naquela época, a corrente elétrica mal conseguia produzir qualquer emissão mensurável, mas estávamos fascinados com a possibilidade. Era como perseguir a luz aprisionada dentro de uma pedra," lembra ele.

Desde então, o trabalho envolveu síntese de nanomateriais, projeto molecular e engenharia dos dispositivos. Cada tentativa trazia novas perspectivas sobre como a energia se move, ou deixava de se mover, através da interface entre moléculas e nanocristais. Ao longo dos anos, a paciência gradualmente substituiu a frustração, e o que começou como uma ideia especulativa evoluiu para uma compreensão profunda de como os ligantes moleculares podem mediar a transferência de carga em materiais isolantes.

Essencialmente, a equipe descobriu como reinventar a geração fotoelétrica de luz. Em vez de forçar a passagem de corrente por nanocristais isolantes, os pesquisadores os envolveram em moléculas semicondutoras orgânicas especialmente projetadas. Esses ligantes funcionam como intermediários moleculares, capturando elétrons e lacunas sob um campo elétrico e transferindo sua energia para os íons de lantanídeos dentro do cristal, que então emitem a luz.

Nanocristais de terras raras viram nova fonte de luz
A amplitude da emissão de luz dos nanocristais é impressionante.
[Imagem: Jing Tan et al. - 10.1038/s41586-025-09717-1]

Luz de banda larga

O resultado é uma emissão de luz brilhante e estável cobrindo não apenas todo o espectro visível, mas avançando até o infravermelho próximo, obtida sem sequer precisar alterar a estrutura do componente emissor de luz - é possível alterar a cor da luz emitida apenas alterando o dopante lantanídeo.

Testes espectroscópicos revelaram uma conversão de spin ultrarrápida e uma transferência de energia tripleto de quase 99%, marcando um nível de controle sem precedentes sobre a dinâmica do sistema. Protótipos fabricados pela equipe mostraram-se 76 vezes mais eficientes do que versões anteriores.

A equipe estima que passar seus nanocristais emissores de luz do laboratório para as aplicações práticas levará bem menos tempo do que foi necessário para fazê-los funcionar.

Bibliografia:

Artigo: Electro-generated excitons for tunable lanthanide electroluminescence
Autores: Jing Tan, Peng Zhang, Xiaoqing Song, Chunmiao Han, Feng Wang, Jing Zhang, Chunbo Duan, Zhilong Zhang, Sanyang Han, Hui Xu, Xiaogang Liu
Revista: Nature
Vol.: 647, pages 632-638
DOI: 10.1038/s41586-025-09717-1
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