Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/10/2025
Papel que substitui plástico
Cientistas brasileiros desenvolveram um papel de origem vegetal que, além de ser biodegradável, apresenta alta resistência mecânica, funciona como uma barreira contra líquidos e gases e ainda possui ação antibacteriana.
A inovação abre caminho para substituir o plástico tradicional, derivado do petróleo, em diferentes setores da economia, com potencial para substituir embalagens, inclusive nos ramos alimentício e cosmético.
A criação da nova tecnologia é resultado do trabalho de Daiane Silva e Bruna Ramasini, que trabalharam com uma equipe do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do ABC (UFABC).
O processo de fabricação do papel plástico começa com a trituração da celulose extraída do bagaço de cana-de-açúcar, até formar nanopartículas. Essa nanocelulose é então misturada com o látex natural da seringueira.
A interação eletrostática entre a nanocelulose e o látex forma um revestimento em múltiplas camadas, resultando em um material imune à umidade, biodegradável e reciclável. Ao contrário do papel comum, que é um excelente absorvente de líquidos, o papel plástico repele líquidos e umidade, além de gases.
Ideal para embalagem de alimentos
Os testes mostraram que um papel plástico de cinco camadas reduz em 20 vezes a passagem de vapor de água, prolongando a vida útil dos produtos embalados. O material também diminuiu em até 4.000 vezes a permeabilidade ao oxigênio, evitando oxidação e perda de qualidade. Finalmente, o revestimento alcançou o nível máximo na métrica de resistência a óleos e gorduras.
Outro diferencial é que o novo papel mantém a reciclabilidade, podendo retornar à cadeia produtiva sem comprometer suas propriedades.
Finalmente, coroando sua vocação natural para uso em embalagens nobres, o material apresentou ação antibacteriana contra E. coli, eliminando mais de 99% das células da bactéria após contato direto.
"Nosso objetivo foi criar uma alternativa viável para reduzir a dependência de plásticos descartáveis. O resultado é um papel funcional, sustentável e capaz de atender às demandas de conservação e segurança do mercado de embalagens," disse a professora Juliana Bernardes, coordenadora da equipe.
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