Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/10/2025

Robôs esféricos rolantes
Um enxame de veículos magrelos de formato esférico, movidos pelo vento, pode permitir a exploração em larga escala e de baixo custo da superfície de Marte.
Experimentos realizados em um túnel de vento de última geração na Europa, bem como testes de campo em uma pedreira, demonstraram que os veículos podem ser colocados em movimento e navegar por vários terrenos, em condições análogas às encontradas em Marte, tanto em termos de terreno quanto de vento.
A ideia não é nova, e a NASA já chegou a testar um protótipo semelhante na Antártica, com o robô rolante fazendo uma viagem solitária de 70 quilômetros.
Alguns anos mais tarde, a agência testou um outro robô, inspirado nos grandes chumaços de plantas mortas (tumbleweeds) que são vistos rolando pelo deserto em muito filmes. Mas os resultados não foram os esperados, e o robô encalhava rapidamente.
Agora, James Kingsnorth e colegas de uma equipe com membros de 20 países acreditam ter aprimorado os robôs rolantes o suficiente para que eles se tornem práticos.
Enxames desses rovers poderiam se espalhar pelo Planeta Vermelho, coletando dados ambientais de forma autônoma e fornecendo uma visão simultânea dos processos atmosféricos e de superfície de diferentes locais. Uma fase final, estacionária, envolveria a compactação dos rovers em estações de medição permanentes espalhadas pela superfície de Marte, fornecendo medições científicas de longo prazo e potencial infraestrutura para futuras missões.

Robô Tumbleweed
Esta versão aprimorada dos rovers Tumbleweed consiste em robôs esféricos leves, projetados para terem 5 metros de diâmetro, tirando proveito da força dos ventos marcianos para sua mobilidade.
A equipe também realizou testes estáticos e dinâmicos em um túnel de vento usando protótipos em escala reduzida, com diâmetros de 30, 40 e 50 centímetros, sob uma variedade de velocidades de vento e superfícies de solo e uma baixa pressão atmosférica (17 milibares).
Os resultados mostraram que velocidades de vento de 9 a 10 metros por segundo são suficientes para colocar o veículo rolante em movimento sobre uma variedade de terrenos semelhantes aos de Marte, incluindo superfícies lisas e ásperas, areia, seixos e campos de rochas.
Os instrumentos de bordo registraram com sucesso os dados durante o movimento giratório, e o comportamento do rover correspondeu à modelagem de dinâmica de fluidos, validando as simulações. Os protótipos em escala foram capazes de subir uma inclinação de 11,5 graus na câmara - equivalente a aproximadamente 30 graus em Marte - demonstrando que o rover poderia atravessar até mesmo inclinações desfavoráveis.
"As recentes campanhas em túnel de vento e em campo foram um ponto de virada no desenvolvimento do rover Tumbleweed," disse Kingsnorth, da Universidade Aarhus, na Dinamarca. "Agora temos a validação experimental de que os rovers Tumbleweed podem de fato operar e coletar dados científicos em Marte."
Os próximos passos incluirão a integração de instrumentos mais sofisticados à carga útil do robô, incluindo sensores de radiação, sondas de solo e sensores de poeira, além do refinamento dos modelos dinâmicos do rover e a ampliação da plataforma para níveis de prontidão tecnológica mais elevados. Uma nova campanha de campo ocorrerá no Deserto do Atacama, no Chile, em novembro próximo.