Tecido com nanotecnologia detém 99,9% da interferência eletromagnética

Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/12/2020

O tecido original, a tinta de MXenos, e o tecido-escudo antirradiação resultante.
[Imagem: Drexel University]

Interferência eletromagnética

Basta recobrir um tecido qualquer com um material bidimensional, chamado MXeno, para criar um escudo contra radiações eletromagnéticas e até mesmo contra outras radiações perigosas.

Simge Uzun e seus colegas da Universidade Drexel, nos EUA, acreditam que sua inovação poderá ser usada como escudo de proteção em virtualmente todos os aparelhos eletrônicos sensíveis, como máquinas de cartão de crédito e notebooks, para bloquear equipamentos da interferência eletromagnética em ambientes industriais e até mesmo para bloquear sinais de telefonia celular em áreas críticas, como prisões.

Melhor ainda, o tecido pode servir para proteger as pessoas que vivem em áreas sujeitas a muita radiação eletromagnética, como as que vivem nas proximidades de antenas de telefonia celular de grande potência.

"Já sabíamos há algum tempo que o MXeno tem a capacidade de bloquear a interferência eletromagnética melhor do que outros materiais, mas esta descoberta mostra que ele pode aderir eficazmente aos tecidos e manter suas capacidades de blindagem exclusivas," disse o professor Yury Gogotsi, coordenador da equipe.

Os MXenos, ou materiais de fase MAX, reúnem as melhores propriedades das cerâmicas e dos metais, com a vantagem de serem produzidos como materiais monoatômicos, quase tão finos quanto o grafeno.

"Os MXenos são adequados para uso como blindagem porque podem ser produzidos de forma estável como revestimento em spray ou tinta, de modo que podem ser aplicados a tecidos sem adicionar muito peso ou ocupar mais espaço," disse Gogotsi. "Também descobrimos que a blindagem MXeno pode absorver e refletir as ondas eletromagnéticas, portanto, não protege apenas os aparelhos vestíveis e dispositivos eletrônicos, mas protege também as pessoas de um campo eletromagnético forte."

O tecido antirradiação perdeu apenas 10% de sua capacidade protetora depois de dois anos de uso.
[Imagem: Simge Uzun et al. - 10.1016/j.carbon.2020.12.021]

Eficiente e ambientalmente correto

E os resultados não deixam dúvidas: os tecidos com MXeno incorporado produzidos pela equipe bloquearam 99,9% da interferência eletromagnética presente no ambiente.

"Este trabalho fornece uma alternativa muito melhorada em relação aos têxteis de blindagem de interferência eletromagnética atuais," reforçou o pesquisador Simge Uzun. "Não apenas os tecidos revestidos com MXeno excedem o desempenho dos tecidos revestidos com metal comerciais, mas podem ser produzidos de forma sustentável por revestimento em solução aquosa sem processamento extra ou aditivos químicos."

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