Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/08/2025
Cristal que respira
Uma equipe de cientistas da Coreia do Sul e do Japão sintetizou um novo tipo de cristal que pode "respirar", absorvendo e liberando oxigênio repetidamente, sem qualquer dano à sua estrutura cristalina.
Essa capacidade única de um material inerte, não biológico e nem mesmo orgânico, promete mudar o modo como desenvolvemos tecnologias de energia limpa, incluindo as células de combustível alimentadas por hidrogênio, janelas que economizam energia do ar-condicionado e do aquecimento e dispositivos termoelétricos.
O novo material é um tipo especial de óxido metálico, composto pelos elementos químicos estrôncio, ferro e cobalto (SrFe0,5Co0,5O2,5).
O que o torna extraordinário é que esse cristal pode liberar oxigênio quando aquecido em uma atmosfera gasosa simples, e então absorver de volta o oxigênio quando retorna às condições ambiente, sem se quebrar. Esse processo pode ser repetido inúmeras vezes, tornando o material ideal para aplicações do mundo real.
"É como dar pulmões ao cristal, e ele pode inalar e exalar oxigênio sob comando, disse o professor Hyoungjeen Jeen, da Universidade Nacional de Pusan, na Coreia do Sul.
Estável e com amplos usos
Controlar o oxigênio em materiais é crucial para tecnologias como as células a combustível de óxidos sólidos (SOFC), que produzem eletricidade a partir do hidrogênio ou outros combustíveis sem emissões de gases de efeito estufa.
Esse mecanismo também é explorado nos transistores térmicos, componentes que controlam o calor do mesmo modo que os transistores eletrônicos controlam a eletricidade, e nas janelas inteligentes, que ajustam a passagem do calor entre o interior o exterior de acordo com a estação do ano.
Até agora, materiais que apresentavam comportamento similar em relação ao oxigênio eram frágeis demais, quebrando-se após poucos ciclos, ou só funcionavam em condições agressivas, como temperaturas extremamente altas. O novo cristal respira sob condições amenas e permanece estável.
"Esta descoberta é marcante por dois motivos: Somente o cobalto e o ferro são reduzidos, e o processo leva à formação de uma estrutura cristalina totalmente nova, mas estável," explicou o professor Jeen.
A equipe também demonstrou que o material pode retornar à sua forma original quando ele reabsorve o oxigênio, provando que o processo é totalmente reversível. "Este é um passo fundamental para tornar realidade materiais inteligentes que possam se ajustar em tempo real. As aplicações possíveis vão da energia limpa à eletrônica e mesmo a materiais de construção ambientalmente amigáveis," disse o professor Hiromichi Ohta, da Universidade de Hokkaido, no Japão.
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