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Meio ambiente

Equipamento emite sinais vibratórios para manejar pragas na agricultura

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/05/2024

Equipamento eletrônico emite sinais vibratórios para manejar pragas na agricultura
O equipamento para armazenamento, geração e reprodução dos sinais vibratórios emitidos pelos insetos conectado a uma planta de soja.
[Imagem: Tiago Maboni Derlan]

Vibrações contra pragas

O uso de sinais vibratórios é a nova arma da ciência para ajudar no controle de pragas agrícolas, como os percevejos da família Pentatomidae, popularmente conhecidos como marias-fedidas - são aproximadamente 900 gêneros e 5 mil espécies, atacando as mais diversas culturas.

Pesquisadores da Embrapa do Distrito Federal e da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) desenvolveram um dispositivo que digitaliza os sinais que esses insetos usam para se comunicar, e então os reproduz artificialmente a fim de atraí-los ou afastá-los.

Este é um dos primeiros exemplos no mundo de uso dos conhecimentos da biologia sobre a comunicação vibracional entre os animais para o manejo de pragas na agricultura. A ideia é fazer uma manipulação comportamental de insetos-praga em áreas de plantio, com vistas à redução da sua densidade populacional.

"O método consiste em digitalizar os sinais vibracionais emitidos pelos insetos e reproduzi-los, de maneira contínua e repetidamente, para interferir no comportamento deles, a fim de, por exemplo, atraí-los ou afastá-los," destacou o pesquisador Raúl Laumann.

Além disso, a tecnologia permite que os sinais sejam reproduzidos em diferentes superfícies, como o caule e as folhas das plantas, ou outros substratos sólidos, o que possibilita sua aplicação sob condições diversas, atendendo a diferentes particularidades de controle.

"Embora a invenção do dispositivo e do método tenha sido motivada pela necessidade de manejo de percevejos, a tecnologia pode ser aplicada a uma vasta variedade de insetos," destacou o pesquisador.

Equipamento eletrônico emite sinais vibratórios para manejar pragas na agricultura
Esquema de funcionamento da tecnologia.
[Imagem: Raúl Laumann/Embrapa]

Combate sem agrotóxicos

O dispositivo é composto por uma fonte de energia e um módulo regulador de tensão, que mantêm o equipamento funcionando; um módulo de áudio primário, configurado para captar o sinal vibracional dos insetos; um módulo de armazenamento, que armazena esse sinal gravado; um módulo amplificador, responsável pela amplificação do sinal; um microcontrolador, que gerencia o arranjo como um todo; uma interface de comunicação com o usuário, com uma tela e um teclado; e uma interface de saída, para conexão de um reprodutor do sinal como, por exemplo, um alto-falante, que propaga as vibrações no ambiente.

Nos percevejos, os sinais vibratórios atuam na troca de informação entre os indivíduos quando eles se encontram a distâncias moderadas (1 a 2 metros) ou curtas (poucos centímetros ou contatos físicos). A comunicação entre eles se dá por meio de vibrações entre 60 e 130 hertz (Hz), produzidas pelo abdômen do inseto, as quais são transferidas para os tecidos da planta por suas patas, nas quais também se encontram os receptores sensoriais dos sinais vibratórios.

Desse modo, a utilização dessas vibrações identificadas na família Pentatomidae pode ser uma alternativa ou complemento ao uso de feromônios para serem incorporados em armadilhas de monitoramento - os feromônios são sinais químicos que também fazem parte do sistema de comunicação dos insetos.

"Adicionalmente, sinais vibratórios com efeito repelente ou que interferem na comunicação têm potencial para o manejo dessas pragas agrícolas, num sistema similar ao da confusão sexual com interrupção do acasalamento, sem o uso de substâncias químicas," disse Raúl, destacando o uso excessivo dos agrotóxicos, que tornam os sistemas agrícolas instáveis em decorrência da eliminação conjunta de inimigos naturais das pragas e da indução de resistência nessas pragas.

A pesquisa já demonstrou a eficácia do equipamento e do método em laboratório. A Embrapa agora busca parceiros industriais para desenvolver um protótipo do aparelho e testá-lo em campo.

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