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Meio ambiente

Geleiras do mundo têm menos gelo do que se calculava

Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/02/2022

Geleiras do mundo têm menos gelo do que cientistas calculavam
Usando dados sobre a velocidade das geleiras, cientistas descobriram que as montanhas dos Andes têm até 23% menos gelo e disponibilidade de água doce do que se calculava. Cores mais escuras, sobrepostas aqui na Cordilheira Branca, significam uma velocidade glacial mais rápida.
[Imagem: IGE-CNRS/Mapbox/OpenStreetMap/Maxar]

Quanta água há nas geleiras

O primeiro atlas elaborado para medir o movimento e a espessura das geleiras de todo o mundo forneceu uma imagem mais clara dos recursos de água doce do globo - mas diferente da que os cientistas esperavam.

A pesquisa mundial mediu a velocidade e a profundidade de mais de 250.000 geleiras de montanha.

Os novos dados revisam as estimativas anteriores do volume de gelo glacial, indicando que há 20% menos gelo disponível para o aumento do nível do mar nas geleiras do mundo do que os cientistas haviam calculado anteriormente.

Os resultados têm implicações sobre a disponibilidade de água para consumo, geração de energia, agricultura e outros usos em todo o mundo. Os resultados também alteram as projeções para o aumento do nível do mar causado pelo clima, que deve afetar as populações em todo o mundo.

Contribuição das geleiras para aumento do nível do mar

O derretimento das geleiras devido às mudanças climáticas é uma das principais causas do aumento do nível do mar. Atualmente, estima-se que as geleiras contribuam de 25 a 30% para o aumento geral do nível do mar, ameaçando cerca de 10% da população mundial que vive abaixo de 10 metros acima do nível do mar.

A redução em 20% do gelo glacial disponível para o aumento do nível do mar diminui o potencial de contribuição glacial para a elevação do nível do mar em 7,6 centímetros, revisando a projeção para baixo, dos atuais 33 centímetros para pouco mais de 25 centímetros.

Essa projeção inclui contribuições de todas as geleiras do mundo, exceto as duas grandes camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida, que têm uma contribuição potencial maior para a elevação do nível do mar.

"Descobrir quanto gelo está armazenado nas geleiras é um passo fundamental para antecipar os efeitos das mudanças climáticas na sociedade," disse Romain Millan, do Instituto de Geociências Ambientais da França. "Com essas informações, estaremos mais perto de conhecer o tamanho dos maiores reservatórios de água glacial e também de considerar como responder a um mundo com menos geleiras."

Geleiras do mundo têm menos gelo do que cientistas calculavam
É a primeira vez que se faz um levantamento de todas as geleiras da Patagônia (cores vermelhas e violetas mais intensas indicam geleiras em movimento mais rápido).
[Imagem: IGE-CNRS/Mapbox/OpenStreetMap/Maxar]

Mais gelo numas, menos gelo noutras

O novo atlas cobre 98% das geleiras do mundo. De acordo com o estudo, muitas dessas geleiras são mais rasas do que o estimado pelas pesquisas anteriores. A dupla contagem de geleiras ao longo das periferias da Groenlândia e da Antártida também induziu erros nos dados anteriores.

O estudo encontrou menos gelo em algumas regiões e mais gelo em outras, com o resultado geral de que há menos gelo glacial em todo o mundo do que os cálculos anteriores.

Os dados indicam que há cerca de 23% menos gelo glacial nas montanhas dos Andes, na América do Sul, uma área na qual milhões de pessoas dependem desse suprimento de água doce.

Pelo contrário, as montanhas do Himalaia, na Ásia, têm mais de um terço a mais de gelo do que as estimativas anteriores. O resultado sugere que cerca de 37% a mais de recursos hídricos poderiam estar disponíveis na região, embora as geleiras do continente estejam derretendo rapidamente.

"A descoberta de menos gelo é importante e terá implicações para milhões de pessoas em todo o mundo," disse Mathieu Morlighem, da Universidade Dartmouth, nos EUA. "Mesmo com esta pesquisa, no entanto, ainda não temos uma imagem perfeita de quanta água está realmente trancada nessas geleiras."

Bibliografia:

Artigo: Ice velocity and thickness of the worlds glaciers
Autores: Romain Millan, Jérémie Mouginot, Antoine Rabatel, Mathieu Morlighem
Revista: Nature Geoscience
DOI: 10.1038/s41561-021-00885-z
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