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Meio ambiente

Metais para energia limpa estão sendo jogados fora nas minas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/10/2025

Metais para energia limpa podem ser obtidos sem abrir novas minas
Os rejeitos das minas não são exatamente lixo - eles estão cheios de minerais valiosos.
[Imagem: Colorado School of Mines]

Mineração de rejeitos

É comum que minas de alguns metais acabem produzindo outros metais que estão presentes no mesmo minério, em quantidade muito menor do que o metal principal. É o caso do ouro, que aparece em pequenas quantidades nas minas de cobre e ferro, ou dos metais do grupo da platina, que surgem como subprodutos nas minas de níquel e cobre.

Mas estas são exceções: A larga maioria do que sobra da extração do minério principal de uma mina vai para o lixo, ou rejeito, como é chamado na mineração o material que sobra do processamento. Mas não há cestos de lixo para tanto material, de modo que o rejeito tipicamente é usado para preencher os buracos feitos na extração ou é depositado em lagoas de decantação.

Acontece que esses rejeitos têm concentrações variadas de outros elementos úteis e valiosos. Elizabeth Holley e colegas da Escola de Minas do Colorado, nos EUA, queriam saber quais são os elementos presentes nos rejeitos das minas, qual sua concentração e qual seria o valor de sua extração. "Muitos dos elementos que atualmente consideramos críticos não eram muito utilizados no passado, então ninguém os analisava," justificou a pesquisadora.

Depois de analisar milhares de amostras de minério e dados de produção das minas nos EUA, a equipe estimou o volume de outros minerais que poderiam ser extraídos de 54 minas ativas de metal de rocha dura se novas etapas de refino forem adicionadas à planta de processamento de cada mina.

Eles deram especial atenção aos elementos considerados importantes para a energia limpa, incluindo a fabricação de baterias, células solares e outras tecnologias alternativas de energia.

Metais para energia limpa podem ser obtidos sem abrir novas minas
Encontrar as substâncias em análises de laboratório é importante, mas é apenas o primeiro passo para sua extração.
[Imagem: Colorado School of Mines]

Primeiro a economia

O resultado do levantamento foi, ao menos à primeira vista, estarrecedor: Para alguns minerais, extrair apenas 1% dos elementos contidos nos subprodutos da mineração pode substituir todas as importações atuais desses minerais pelos EUA. Outros minerais exigiriam taxas de recuperação mais altas, variando de 10 até 90%, para substituir a totalidade das importações. Apenas ouro, platina e paládio não atenderiam toda a demanda mesmo que 100% pudessem ser recuperados dos rejeitos da mineração - esses elementos já são largamente recuperados hoje porque são muito valiosos.

"Precisamos melhorar o uso do material que extraímos," disse Holley.

Por outro lado, a indústria mineral, tanto no aspecto técnico quanto econômico, na prática é muito mais complicada do que um mero levantamento de possibilidades teóricas: Saber que há minerais em um determinado local é apenas o primeiro passo para sua extração.

Em muitos casos, não se trata apenas de adicionar "algumas etapas de refino" às plantas já existentes. O processo de refino de um metal pode ser radicalmente diferente do outro, e esse é normalmente o caso quanto se comparam os elementos presentes no rejeito com o elemento principal da mina. Ou seja, recuperar outro mineral exigiria plantas de processamento inteiramente novas.

Além disso, quando decide investir em uma nova mina, a indústria mineral alcança viabilidade procurando por ocorrências do mais alto teor possível - e os rejeitos normalmente não possuem teores altos o suficiente para justificar o investimento.

"O desafio está na recuperação. É como tirar sal da massa de pão - precisamos investir muito mais em pesquisa, desenvolvimento e políticas para tornar a recuperação desses minerais essenciais economicamente viável," reconheceu Holley.

Bibliografia:

Artigo: By-product recovery from US metal mines could reduce import reliance for critical minerals
Autores: Elizabeth A. Holley, Karlie M. Hadden, Dorit Hammerling, Rod Eggert, D. Erik Spiller, Priscilla P. Nelson
Revista: Science
DOI: 10.1126/science.adw8997
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