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Qual é o futuro do cinema 3D?

Vincent Dowd - BBC - 28/12/2012


Além de Avatar

Três anos atrás o público do mundo todo correu para os cinemas para ver o filme Avatar, do diretor americano James Cameron.

O longa se transformou rapidamente em uma das maiores bilheterias de todos os tempos, em parte devido ao uso surpreendente da tecnologia em 3D.

Mas, atualmente, Avatar parece continuar como o ponto alto dos filmes com esta tecnologia e poucos foram os longas lançados depois daquele ano que mudaram os padrões estabelecidos por Cameron.

Com isto, surge o questionamento: o 3D já teria se transformado em uma ferramenta ultrapassada?

Antítese da narrativa

O britânico Nic Knowland é um respeitado diretor de fotografia, com 30 anos de carreira. Ele já presenciou tendências e modas do cinema, mas afirma que o 3D não o empolgou.

"Pode oferecer algum valor de produção e escala para alguns tipos de filmes. Mas, para muitos filmes oferece apenas distração e algumas experiências bem desconfortáveis para o público", disse.

"Ainda não encontrei um diretor de fotografia que seja realmente entusiasmado com isso", acrescenta.

Oliver Stapleton é outro diretor de fotografia que não aprova o 3D. Ele já trabalhou em longas como Regras da Vida e A Proposta.

"O 3D é a antítese da narrativa, onde a imersão no personagem é o objetivo. Nos lembra constantemente que você está olhando para uma tela e evita completamente o envolvimento emocional. Não existe semelhança entre a visão natural humana e o 3D no cinema."

"O 2D não revela os truques do cinema do mesmo modo. Claro, isto é porque nós estamos acostumados (ao 2D), mas também não se está tentando imitar nossa visão", afirmou.

"Meu objetivo como diretor de fotografia é fazer com que os pontos nas roupas fiquem invisíveis. O 3D fala: 'olhe para mim, sou um filme!', o 2D simplesmente diz 'era uma vez...'"

Uso inteligente

Nic Knowland e Stapleton admitem que a tecnologia 3D pode ser usada em alguns filmes de animação, como o próprio Avatar. Knowland afirma até que este foi o caso com o melhor uso da ferramenta.

Mas nenhum dos dois acredita que a ferramenta pode servir para todos os filmes, como dramas.

No entanto, um filme lançado recentemente, A Vida de Pi, do cineasta Ang Lee, usa os recursos de 3D em um filme que não é exatamente de ação e conseguiu muitos elogios.

Os críticos gostaram do modo criativo e seguro com que Lee usou a ferramenta no longa que conta a história de um jovem náufrago que precisa sobreviver em um pequeno barco à deriva no oceano - onde também está um tigre, criado a partir de efeitos especiais com um realismo assustador.

"Talvez pelo fato de a experiência 3D ainda ser nova, ela ainda confunde alguns públicos. Mas um bom diretor pode usar esta confusão como uma ferramenta convincente, para fazer o público acreditar no que está na tela", disse Lee.

No entanto, o diretor confessa que tinha dúvidas quanto ao uso do 3D.

"Temos um longo relacionamento com a aparência 2D e nas boas narrativas que ela nos deu. Crescemos gostando de sua solidez, apesar de os cineastas compensarem o olho com a ilusão de profundidade e sombras", afirmou o cineasta. "3D é mais ilusório, confiamos e desconfiamos ao mesmo tempo. Acho que nos lembra os primeiros filmes que vimos em nossa infância."

"Quando um novo meio aparece, as pessoas não levam a sério, pois não associamos com bons filmes. É usado para desenhos, filmes de ação e terror barato. Mas o meio é neutro, (o que importa) é como ele é usado. E ainda estamos estabelecendo sua linguagem", disse Ang Lee.

Novo Mundo 3D

Torsten Hoffman é alemão e afirma que agora está seguindo para um lugar onde afirma estar o crescimento real do mercado 3D: a Ásia, principalmente a China e a Coreia do Sul.

"Apenas na China existem cerca de 10 mil telas equipadas para 3D, quase um quarto do total mundial. E, quando o público chinês tem a escolha entre ver o filme em 3D e 2D, eles, em sua maioria, escolhem a primeira opção", disse.

De acordo com Robert Mitchell, da revista Variety em Londres, públicos da Europa e dos Estados Unidos são mais seletivos.

"A maioria das pessoas ficou bem sofisticada sobre o que eles realmente precisam ver em 3D (...). Depois do ponto alto de Avatar, as pessoas ficaram espertas com filmes menores onde provavelmente não vale a pena pagar o acréscimo [no ingresso para o] 3D."

Entusiasmo e exageros

Para Mitchell, diretores como "Win Wenders, Werner Herzog, Martin Scorcese e Ang Lee mostraram que o 3D pode ser usado de uma maneira interessante".

"3D não é só lixo, e aqueles que dizem que a tecnologia é um fracasso estão exagerando. Mas, até o momento, Christopher Nolan não é fã e nunca vamos ver um filme de Quentin Tarantino em 3D - ele nem gosta de digital."

Mitchell afirma que o próximo grande teste para a ferramenta será o novo filme de Baz Luhrmann, a nova versão de O Grande Gatsby, com Leonardo DiCaprio.

"Não parece natural para o 3D, mas Luhrmann é um diretor muito estilizado e pode fazer funcionar."

"O sentimento que existia há três anos, que todos os estúdios queriam que o 3D fosse a escolha automática para todos os grandes filmes, passou. Os cineastas reagiram e venceram", acrescentou.

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