Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/08/2025
Vida na escuridão
Cientistas descobriram que partículas de alta energia do espaço, mais conhecidas como raios cósmicos, podem gerar a energia necessária para sustentar a vida subterrânea em planetas e luas do nosso Sistema Solar.
Há poucos dias, outra equipe confirmou que esses mesmos raios cósmicos são os responsáveis pelo disparo dos raios nas tempestades aqui na Terra, e os raios sempre estiveram envolvidos nas teorias sobre a emergência da vida em nosso planeta.
Usando simulações computacionais, os pesquisadores estudaram quanta energia os raios cósmicos poderiam produzir em Marte e nas luas geladas de Júpiter (Europa) e Saturno (Encélado) - acredita-se que essas luas, cobertas por espessas camadas de gelo, tenham água líquida escondida sob suas superfícies na forma de verdadeiros oceanos.
Quando os raios cósmicos atingem a água ou o gelo no subsolo, sua energia pode quebrar moléculas de água e liberar elétrons. Algumas bactérias na Terra usam esses elétrons para obter energia, de modo semelhante a como as plantas usam a luz solar. Esse processo é chamado de radiólise e pode alimentar a vida mesmo em ambientes escuros e frios, sem luz solar.
Vida na escuridão
Os resultados indicam que a lua gelada de Saturno, Encélado, tem o maior potencial para sustentar vida baseada na energia dos raios cósmicos, seguida por Marte e pela lua Europa, de Júpiter.
"Esta descoberta muda a maneira como pensamos sobre onde a vida pode existir," disse Dimitra Atri, da Universidade de Nova Iorque de Abu Dhabi. "Em vez de procurar apenas planetas quentes com luz solar, agora podemos considerar lugares frios e escuros, desde que tenham água abaixo da superfície e sejam expostos aos raios cósmicos. A vida pode sobreviver em mais lugares do que jamais imaginamos."
Zona Habitável Radiolítica
A equipe chama esse novo conceito de possibilidade de vida subterrânea alimentada por raios cósmicos de "Zona Habitável Radiolítica".
Ao contrário da tradicional "Zona Cachinhos Dourados" - a área ao redor de uma estrela onde um planeta pode ter água líquida em sua superfície - esta nova zona concentra-se em locais onde existe água subterrânea que possa ser energizada pela radiação cósmica.
Como os raios cósmicos são encontrados em todo o espaço, a conclusão é que há muito mais lugares no Universo onde a vida pode existir.
Isso abre possibilidades novas e interessantes na busca por vida fora da Terra, sugerindo que mesmo os lugares mais escuros e frios do Sistema Solar podem ter as condições adequadas para a sobrevivência da vida. Este novo conhecimento deverá pautar o projeto de futuras sondas espaciais, que deverão receber instrumentos adequados para encontrar sinais dessa vida na escuridão.
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