Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/06/2025
Impressão digital de rastreamento
Rejeitar ou deletar os cookies, ou mesmo configurar o navegador para o modo privativo, não é suficiente para proteger sua privacidade online.
Alguns sites estão usando secretamente a impressão digital do navegador - um método para identificar exclusivamente o navegador de um computador ou celular - para rastrear as pessoas.
Ao visitar um site, seu navegador compartilha uma quantidade surpreendente de informações, como a resolução da tela, o fuso horário, o modelo do aparelho e muito mais. Combinadas, essas informações criam uma "impressão digital" que geralmente é exclusiva do seu navegador.
"A coleta de impressões digitais sempre foi uma preocupação na comunidade de privacidade, mas, até agora, não tínhamos provas concretas de que ela estava realmente sendo usada para rastrear usuários," disse Nitesh Saxena, da Universidade Texas A&M, nos EUA. "Nosso trabalho ajuda a preencher essa lacuna."
Ao contrário dos cookies - que os usuários podem excluir ou bloquear -, a impressão digital é muito mais difícil de detectar ou impedir. A maioria dos usuários não tem ideia de que isso está acontecendo, e mesmo navegadores com foco em privacidade têm dificuldade para bloqueá-la completamente.
"Embora trabalhos anteriores tenham estudado a impressão digital do navegador e seu uso em diferentes sites, o nosso é o primeiro a correlacionar as impressões digitais do navegador e os comportamentos de anúncios, essencialmente estabelecendo a relação entre o rastreamento da web e a impressão digital," disse Yinzhi Cao, da Universidade Johns Hopkins.
Rastreamento em tempo real
Para comprovar que os sites estão usando dados de impressão digital para rastrear pessoas, os pesquisadores tiveram que ir além da simples varredura de sites em busca da presença de códigos de impressão digital. Eles desenvolveram uma estrutura de mensuração, que batizaram de FPTrace (rastro de impressão digital), que avalia o rastreamento dos usuários com base em impressão digital analisando como os sistemas de anúncios respondem a alterações nas impressões digitais do navegador.
Essa abordagem se baseia na ideia de que, se a impressão digital do navegador influencia o rastreamento, a alteração das impressões digitais deve afetar os lances do anunciante - onde o espaço publicitário é vendido em tempo real com base no perfil da pessoa que visualiza o site - e os registros HTTP - registros de comunicação entre um servidor e um navegador.
Os dados comprovaram que o rastreamento ocorreu mesmo quando os usuários limparam ou excluíram os cookies. Os resultados mostraram diferenças notáveis nos valores de lance e uma redução nos registros HTTP e eventos de sincronização quando as impressões digitais foram alteradas, sugerindo um impacto na segmentação e no rastreamento.
Além disso, alguns dos sites vinculam o comportamento de impressão digital aos processos de licitação, o que significa que perfis baseados em impressão digital estão sendo usados em tempo real, provavelmente para personalizar as respostas aos usuários ou repassar identificadores a terceiros.
Mas talvez o mais preocupante seja que os pesquisadores descobriram que mesmo usuários que optam explicitamente por não serem rastreados, sob leis de privacidade como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da Europa e a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia (CCPA), ainda estão sendo rastreados silenciosamente pela web por meio da impressão digital do navegador.
Com base nos resultados deste estudo, os pesquisadores argumentam que as ferramentas e políticas de privacidade atuais não estão fazendo o suficiente, pedindo defesas mais fortes nos navegadores e uma nova atenção regulatória às práticas de rastreamento por impressão digital. Eles também esperam que sua estrutura FPTrace possa ajudar legisladores e agências de regulamentação a auditar sites e provedores que participam dessas atividades, especialmente sem o consentimento do usuário.
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