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Produção de fármacos no Brasil necessita de estratégia para avançar

Mariana De Felice - Agência USP - 26/06/2007

Produção de fármacos no Brasil necessita de estratégia para avançar

O mapeamento das competências do Brasil na área da pesquisa e desenvolvimento de fármacos (matéria-prima dos medicamentos), a criação de uma base de dados dessas informações e a implantação de um Laboratório Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos são estratégias que podem fazer o Brasil avançar na área.

A proposta é fruto da pesquisa de doutorado do farmacêutico Silvio Barberato Filho em que analisou os aspectos econômicos e técnicos do desenvolvimento de fármacos e procurou discutir caminhos para que o Brasil avance nessa questão.

"As empresas e universidades brasileiras não conseguem desenvolver medicamentos a partir do conhecimento científico", afirma o pesquisador que apresentou a tese na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.

Mapeamento de competências

A primeira estratégia delineada por Barberato é o mapeamento das competências do Brasil na área da pesquisa e desenvolvimentos de fármacos. "O processo ocorre de maneira dispersa, já que cada grupo de pesquisa trabalha individualmente." Segundo ele, esse fator dificulta o avanço no desenvolvimento de fármacos e sua posterior comercialização como medicamentos. "É preciso conhecer, proteger e divulgar o que a USP, a Unicamp e todos os grupos de pesquisa desenvolveram nessa área para que os estudos possam ser continuados e gerem frutos."

O pesquisador diz que com o mapeamento, pode-se criar uma base de dados como forma de difusão das patentes existentes e dos trabalhos de cada grupo de pesquisa. "Isso facilitaria a articulação em redes para dar continuidade ao processo de desenvolvimento de fármacos. Além disso, forneceria suporte para estimular o licenciamento da patente e a posterior comercialização do medicamento desenvolvido".

Laboratório Nacional

A terceira estratégia propõe a criação de um Laboratório Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos, que funcionaria como um centro de articulação das iniciativas nesta área do conhecimento. O laboratório disponibilizaria ferramentas tecnológicas para uso compartilhado, o que possibilitaria maior rapidez nesse processo. "São recursos indisponíveis no País por limitações técnicas e econômicas. Os grupos não possuem condições de adquiri-los individualmente. Seria uma forma de racionalizar custos e difundir tecnologia", explica.

Barberato constatou que as empresas farmacêuticas brasileiras não priorizam a pesquisa, como acontece no exterior. O conhecimento científico na área de fármacos no país está restrito às universidades, que, no entanto, encontram dificuldades para transformar a pesquisa em produto comercializado. "Falta articulação entre os grupos de pesquisa e os recursos não estão reunidos em um único local", explica o farmacêutico.

Pesquisa demorada

Outro obstáculo que o País enfrenta é relativo ao longo período do processo de pesquisa. Segundo Barberato, a pesquisa de um novo fármaco dura em média 10 a 12 anos e isso diminui o interesse das empresas para desenvolver o medicamento a partir do conhecimento científico. "A patente só dura 20 anos. O período em que as empresas obtêm os maiores lucros é o de exclusividade. No entanto, a patente deve ser feita quando a pesquisa é iniciada e por isso restam poucos anos para a empresa comercializar sem concorrência".

O pesquisador acredita que esse processo precisa ser acelerado para que as empresas se interessem pela pesquisa das universidades e assumam a continuidade do processo ou participem dele. "No setor farmacêutico, as universidades, além de patentear as pesquisas, precisam ser rápidas para estabelecer acordos de cooperação ou licenciar a patente para que as empresas desenvolvam o medicamento".

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