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Eletrônica

Material 2D dá um giro na luz e aumenta comunicações ópticas em 50 vezes

Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/09/2025

Material 2D dá um giro de luz e aumenta comunicações ópticas em 50 vezes
Basta passar luz polarizada circularmente através de materiais de van der Waals para criar tornados de luz, que carregam muito mais informações do que um feixe "liso".
[Imagem: Seok Woo Yun]

Materiais 2D fotônicos

Aquela mesma delicada força física que permite que as aranhas e outros insetos andem no teto, chamada força de Van der Waals, pode ser a chave para uma nova revolução nas comunicações por luz, através das fibras ópticas ou outros meios.

É essa força que mantém unidas as camadas da maioria dos metais 2D, formados por uma ou mais camadas com espessura de um ou poucos átomos - a família dos materiais monoatômicos, ou materiais de van der Waals, é extensa, mas os mais conhecidos são a molibdenita, as perovskitas e, mais recentemente, os metais 2D.

Foi usando um desses materiais, o nitreto de boro hexagonal (hBN), que Jaegang Jo e colegas da Universidade de Melbourne, na Austrália, descobriram uma nova maneira mais simples de criar redemoinhos de luz, ou vórtices de luz.

E esses feixes de vórtice conseguem carregar muito mais informações - por fibra óptica ou dentro de chips - do que os feixes de luz comuns. As estimativas dão conta de que a luz torcida permite transportar até 50 vezes mais dados do que as redes ópticas atuais.

"Graças à estrutura espiral, os tornados de luz oferecem uma dimensão adicional para a codificação de informações. Como a construção de faixas extras em uma rodovia de dados, isso permitirá que mais informações trafeguem de uma só vez," disse a pesquisadora Sujeong Byun.

Material 2D dá um giro de luz e aumenta comunicações ópticas em 50 vezes
Como basta usar um cristal, a técnica dispensa qualquer processo de fabricação.
[Imagem: Jaegang Jo et al. - 10.1038/s41377-025-01926-7]

Torcendo a luz sem fazer força

O esquema de geração dessa luz torcida não poderia ser mais simples: Basta injetar o feixe de luz no cristal puro de hBN.

"Nós descobrimos que, quando a luz polarizada circularmente - onde todas as partículas de luz (fótons) giram na mesma direção - entra no material de van der Waals, a direção do seu spin muda e ela ganha uma torção espiral, transformando-se em um vórtice óptico, ou redemoinho de luz," explicou Byun.

Para checar se o fenômeno é geral, os pesquisadores trabalharam também com um outro material de van der Waals, a molibdenita (MoS2). Usando um cristal de apenas 320 nm de espessura, eles obtiveram um feixe de vórtice óptico com uma eficiência de conversão de 0,09. Isto demonstra a viabilidade de criação de geradores de luz torcida ultracompactos e sem necessidade de quaisquer processos de fabricação, já que os cristais podem ser aplicados diretamente nos chips.

A equipe agora está trabalhando para tornar o processo compatível com as tecnologias de comunicação existentes e explorando como a tecnologia pode ser integrada em sistemas ópticos maiores.

"Com a nossa solução, torna-se possível criar um pequeno dispositivo, em escala de chip, que permitirá que a comunicação por fibra óptica aumente a largura de banda, o que é muito promissor para a indústria. Ela oferece a perspectiva de dispositivos ópticos menores, mais baratos e mais escaláveis, que poderão ser integrados a futuros sistemas de comunicação, incluindo satélites," concluiu Byun.

Bibliografia:

Artigo: Spin-orbit coupling in van der Waals materials for optical vortex generation
Autores: Jaegang Jo, Sujeong Byun, Munseong Bae, Jianwei Wang, Haejun Chung, Sejeong Kim
Revista: Light Science & Applications
Vol.: 14, Article number: 277
DOI: 10.1038/s41377-025-01926-7
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